Míssil brasileiro “Astros 2020” é testado e atinge alvo com precisão a 300 km

Astros 2020 é fabricado pela Avibrás (divulgação)

O novo míssil foi criado pela Avibrás em parceria com o Exército Brasileiro. O teste ocorreu na Operação Atlas e mobilizou cerca de 10 mil militares da Marinha, do Exército e da Aeronáutica

Criado pela fabricante nacional Avibrás em parceria com o Exército Brasileiro, o Astros 2020, com alcance de 300 km, foi testado pela primeira vez na Amazônia durante a Operação Atlas, marcando um novo capítulo na história militar do país e representa o auge da engenharia nacional em defesa. Segundo informações da Avibrás, o Astros 2020 é totalmente nacional e foi desenvolvido para operar em terrenos adversos, como florestas e regiões montanhosas. Segundo reportagem da revista Sociedade Militar, o sistema é capaz de realizar lançamentos em poucos minutos, com grande mobilidade e resistência a interferências eletrônicas.

EXÉRCITO, MARINHA E AERONÁUTICA

O teste ocorreu nesta quinta-feira (9) em Bonfim, município de Roraima, na fronteira com a Guiana na Serra do Tucano, área isolada usada para treinamentos do Exército e da Força Aérea Brasileira (FAB). O treinamento, acompanhado pelo Ministério da Defesa e pelo Comando Militar da Amazônia, simulou um cenário real de combate envolvendo apoio aéreo da Força Aérea Brasileira (FAB), tanques, veículos blindados e sistemas de artilharia pesada. O objetivo foi testar a interoperabilidade em ações de defesa de fronteira e de proteção da Amazônia.

Precisão no alvo a 300 km

O míssil atingiu o alvo com alta precisão, comprovando o alcance de 300 quilômetros e a eficiência do sistema 100% nacional. A sigla ASTROS significa Artillery Saturation Rocket System, ou Sistema de Foguetes de Artilharia para Saturação de Área. De acordo com o Ministério da Defesa, o Astros 2020 é considerado um dos principais projetos estratégicos do Exército, simbolizando a capacidade do Brasil de produzir sistemas complexos de artilharia de longo alcance com autonomia tecnológica e soberania industrial.

DEZ MIL MILITARES

A Operação Atlas 2025 mobilizou cerca de 10 mil militares da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, sendo 6 mil apenas em Roraima. As ações foram transmitidas via satélite para o Centro de Operações Conjuntas, em Brasília, demonstrando a integração tecnológica entre as Forças Armadas.

Em um contexto global de tensões e disputas por recursos estratégicos, o domínio dessa tecnologia garante ao Brasil maior autonomia e poder de dissuasão, especialmente em uma região sensível como a Amazônia, onde estão concentradas riquezas minerais, biodiversidade e importantes fronteiras internacionais. O Ministério da Defesa nega qualquer relação entre o treinamento e os acontecimentos recentes, afirmando que se trata de uma atividade rotineira de preparação e não de resposta a conflitos externos.

Segundo a resista militar, o programa Astros 2020 foi lançado oficialmente em 2012 como parte dos Projetos Estratégicos do Exército Brasileiro, com previsão de conclusão até 2031. O objetivo é modernizar viaturas, incorporar novas tecnologias de comando e controle e aumentar a capacidade de lançamento de mísseis e foguetes de longo alcance. O Astros 2020 é uma evolução direta do Astros II, utilizado com sucesso em operações internacionais.

Astros 2020 é disparado pela primeira vez na Amazônia durante a Operação Atlas

Atualmente, o Exército Brasileiro conta com 83 viaturas do sistema, entre elas as Lançadoras Múltiplas Universais (LMU) — plataformas capazes de disparar diferentes tipos de foguetes e mísseis, incluindo o poderoso AV-TM 300, projetado para alcançar até 300 km. Cada míssil pode carregar ogivas de até 200 kg, guiadas por um moderno sistema de navegação inercial e GPS, garantindo precisão cirúrgica nos alvos.

TRANSMISSÃO VIA SATÉLITE

Segundo o Exército, a iniciativa de tiro real serviu para avaliar a integração entre unidades terrestres e aéreas, além de comprovar a eficiência do míssil brasileiro em condições extremas de um ambiente de floresta tropical. Todas as etapas da operação foram transmitidas via satélite para o Centro de Operações Conjuntas, em Brasília.

Assista ao treinamento do sistema

“A demonstração começou com o apoio aéreo aproximado, realizado por uma aeronave A-29 Super Tucano da Força Aérea Brasileira, que forneceu cobertura necessária à tropa em solo. Em seguida, viaturas blindadas do 18º Regimento de Cavalaria Mecanizado — modelos Guarani, Guaicurus e Cascavel — abriram fogo com metralhadoras calibre 7,62 mm, .50 e canhão 90 mm, neutralizando alvos em terreno hostil”, informou o Exército.

CENÁRIO REAL

“A Operação Atlas coroou um deslocamento inédito de tropas e equipamentos de todas as regiões do país até Roraima, demonstrando a integração entre Exército, Marinha e Aeronáutica”, destacou o general Viana Filho, comandante militar da Amazônia. O treinamento simulou um cenário real de confronto armado, com apoio de aeronaves de combate da FAB, tanques, blindados e artilharia terrestre. A operação, segundo o Ministério da Defesa, tem o objetivo de avaliar a interoperabilidade — ou seja, a capacidade de atuação conjunta das três forças — e aprimorar estratégias de defesa na Amazônia.

Assista a demonstração de disparos com Astros II no Catar

De acordo com o general Viana Filho, que acompanhou o exercício, o uso de drones, comunicações via satélite e sistemas como o Astros 2020 simboliza a evolução da doutrina militar terrestre e o compromisso do Brasil em proteger a Amazônia, uma das regiões mais estratégicas do planeta. A informação foi divulgada pelo G1, com base em comunicados do Ministério da Defesa e da própria Avibrás Aeroespacial, que destacaram o sucesso do disparo e o caráter histórico da missão.

ESTUDANTES ACOMPANHAM TESTE

Um grupo de estudantes do curso de Relações Internacionais da Universidade Federal de Roraima (UFRR) acompanhou in loco o exercício militar. O professor Nickolas Sá afirmou que a experiência ajudou a aproximar a teoria acadêmica da realidade prática. “É extremamente importante para os alunos verem de perto como é um exercício militar. Na sala de aula, discutimos teorias sobre guerra e soberania, mas aqui eles puderam entender o que é estar num campo de batalha, sentir o impacto real de um treinamento”, disse o docente.

A estudante Camille Silva, que participou da visita, contou que a vivência reforçou o entendimento sobre a importância da defesa da Amazônia. “A gente estuda muito sobre soberania, mas nunca tinha visto um exercício assim. Foi impressionante perceber a força e a organização das Forças Armadas e entender como o Brasil se prepara para proteger a Amazônia, um tema tão em pauta hoje”, relatou.

Com informações da Revista Sociedade Militar e do Site de Notícias G1

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