Levantamento mostra ranking com 102 países a partir das projeções do FMI para 2022
No ranking da agência de classificação de risco Austin Rating, elaborado a partir das novas projeções do Fundo Monetário Internacional (FMI), com 102 países, o Brasil aparece entre as piores estimativas de desemprego para o ano de 2022. Na 9ª colocação, com uma taxa de 13,7%, o Brasil supera a média global prevista para o ano, de 7,7%, e da taxa dos países emergentes, de 8,7%. Entre os membros do G20, nosso país fica com a segunda colocação, atrás da África do Sul (35,2%).
Os oitos países com as taxas de desempregos maiores que o Brasil, além da África do Sul, estão Sudão (30,2%), Cisjordânia e Faixa de Gaza (25,7%), Armênia (19,5%), Geórgia (18,5%), Bósnia-Herzegovina (15,7%), Macedônia do Norte (15,7%) e Bahamas (13,9%).
O levantamento da Austin também mostra que o Brasil registrou a 16ª pior taxa de desemprego do planeta em 2021. No ano anterior, o país ficou na 22ª posição no ranking.
Em meio ao abandono dos investimentos públicos, de juros elevados, inflação generalizada dos preços, e um violento arrocho sobre a renda – agravada pela decisão do governo Bolsonaro de nem reajustar os salários dos funcionários públicos durante seu governo de acordo com a inflação – a atividade econômica não consegue reagir para derrubar o desemprego, que no trimestre encerrado em dezembro atingiu 12 milhões de brasileiros.
Neste intervalo de tempo, havia ainda 27,3 milhões de brasileiros em busca de trabalho no país – pessoas alocadas na chamada taxa de subutilização da força de trabalho, que inclui: os desempregados, os subocupados (que trabalham menos de 40 horas semanais) e a força de trabalho potencial (pessoas que gostariam de trabalhar, mas não procuraram trabalho, ou que procuraram, mas não estavam disponíveis para trabalhar).
Por outro lado, quando a economia vai mal, a ocupação que cresce é o trabalho precário. A taxa de informalidade, que inclui os populares bicos, ficou em 40,2%, chegando a 38,3 milhões de trabalhadores informais, no trimestre móvel de dezembro a fevereiro. Em contrapartida, o rendimento médio real habitual recebido de todos os trabalhos, por mês, pelos trabalhadores recuou 8,8%, na comparação com o mesmo trimestre do ano passado.
Neste mês, em seu relatório de expectativas para a economia global, o FMI passou a projetar uma alta do PIB (Produto Interno Bruto) do Brasil, que passou de 0,3% para 0,8% neste ano. Números não muito distantes das projeções que o mercado financeiro brasileiro apontou no início desta semana (26). Segundo o Boletim Focus do Banco Central (BC), a economia brasileira este ano deve crescer apenas 0,65%.
O economista José Luis Oreiro, em entrevista recente ao HP, destaca que a política do Banco Central (BC), de elevar os juros para combater uma inflação que não é de demanda, está arrastando o Brasil para recessão.
“Elevar os juros não vai ter nenhum impacto sobre a inflação”, disse Oreiro, ao ressaltar que “o Banco Central [do Brasil] é um dos poucos bancos centrais do mundo que está elevando a taxa de juros num contexto de choque de oferta importado”.
“O banco central norte-americano [Federal Reserve] só aumentou marginalmente a taxa de juros, em 0,25%. O Banco Central Europeu manteve a taxa de juros em menos 0,5%. Então, há um consenso entre os países desenvolvidos de que o problema inflacionário atual não pode ser resolvido pelos instrumentos tradicionais de política monetária. E que, se você elevar a taxa de juros, você só vai agravar o problema da recessão sem resolver o problema da inflação”, resumiu o professor do Departamento de Economia da UnB.