Mário Fernandes, autor do “Punhal Verde e Amarelo”, plano para assassinar Lula, Alckmin e Alexandre de Moraes, embolsou R$ 421,9 mil
Uma regra criada por Jair Bolsonaro favoreceu em mais de R$ 2 milhões, através de indenizações, os militares que participaram do planejamento do golpe que iria mantê-lo no poder e instalar uma ditadura.
Entre os favorecidos pela regra, criada em 2019, estão os generais Braga Netto, Estevam Theophilo e Mário Fernandes, além de outros militares que também foram indiciados pela tentativa de golpe.
Os dados do Portal da Transparência foram analisados por Lauro Jardim, do Globo.
O general Estevam Theophilo, que era chefe do Comando de Operações Terrestres (Coter) do Exército no governo Bolsonaro, recebeu, entre 2022 e 2023, R$ 394,8 mil graças à regra de Jair para indenizações.
Theophilo era considerado pela quadrilha uma “peça chave” para que o golpe se concretizasse. Isso porque, enquanto chefe do Coter, era responsável por designar os planos para cada comando do Exército. Ele já havia topado participar da intentona assim que Bolsonaro assinasse o decreto golpista.
O coronel Cleverson Magalhães, que era assessor de Theophilo no Coter, recebeu R$ 312 mil em indenizações entre 2020 e 2023. Somente em novembro de 2023, quando passou para a reserva, o golpista recebeu R$ 288 mil.
Segundo a Polícia Federal, Cleverson esteve em uma reunião, em novembro de 2022, para organizar a pressão que seria feita para que o Alto Comando das Forças Armadas aderisse ao golpe.
Em uma mensagem obtida pela investigação, o então ajudante de ordens de Bolsonaro, Mauro Cid, disse que Cleverson era “o mais importante” na reunião.
Já o general Mário Fernandes, que era secretário-executivo da Secretaria-Geral da Presidência no antigo governo, foi para a reserva em agosto de 2020 e recebeu R$ 262,4 mil. Ao todo, as indenizações pagas para o militar chegam a R$ 421,9 mil.
Mário Fernandes foi quem elaborou o plano para assassinar Lula, o vice Geraldo Alckmin e o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes. O plano era denominado “Punhal Verde e Amarelo”.
O ex-ministro da Defesa e ex-candidato a vice de Bolsonaro, general Braga Netto, recebeu R$ 313,4 mil em 2020, quando foi para a reserva.
Braga Netto participou ativamente de todo o planejamento golpista, em especial do núcleo que pressionava os comandantes do Exército, general Freire Gomes, e da Aeronáutica, brigadeiro Baptista Júnior, entre outros, a aderirem ao golpe em gestação.
Um dos documentos apreendidos mostra que após o assassinato de Lula, Alckmin e Moraes seria criado um “Gabinete de Crise”, que seria comandado por Braga Netto e o general Augusto Heleno.
No caso do ministro da Defesa de Bolsonaro, general Paulo Sergio Nogueira de Oliveira, as indenizações chegam a R$ 216 mil. Ele também participou ativamente do núcleo que buscava novos apoios para o golpe dentro do Exército.
O ex-comandante da Marinha, almirante Garnier, único entre os comandantes das Forças Armadas a topar o golpe, recebeu em 2021 R$ 265,1 mil em indenizações, além de R$ 99,4 mil por suas férias. Garnier falou para Jair Bolsonaro que suas tropas estavam à disposição do golpe.
O coronel Carlos Giovani Delevati Pasini, que foi identificado pela PF como um dos autores da “Carta” que pressionava o comandante Freire Gomes a entrar no grupo golpista, recebeu, ao todo, R$ 245,3 mil através de indenizações.