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O ex-presidente Jair Bolsonaro, em sua primeira manifestação após a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra ele, disse que está “cagando” para a Justiça.
A denúncia pelos crimes de organização criminosa, golpe de estado, abolição violenta do Estado Democrático de Direito, dano qualificado contra o patrimônio da União e deterioração de patrimônio tombado pode levar a uma pena de prisão superior a 39 anos, caso seja máxima.
Na quinta-feira (20), ele participou do Seminário de Comunicação do PL, seu partido, e fez sua primeira fala após a denúncia.
“O tempo todo [dizem] ‘vamos prender o Bolsonaro’… Caguei para a prisão”, falou o ex-presidente. Ele ironizou o caso chamando de “golpe da Disney”, pois estava nos Estados Unidos quando do ataque do dia 8 de janeiro de 2023.
No entanto, como comprovou a Polícia Federal, Jair Bolsonaro planejou o golpe muito antes de fugir para os EUA. Ele preparou documentos, convenceu aliados e tentou ter o apoio das Forças Armadas, mas sem sucesso.
Segundo Bolsonaro, tudo o que foi apresentado na denúncia é apenas uma “narrativa”.
Seu ex-ajudante de ordens, Mauro Cid, fechou um acordo de colaboração premiada e contou que Jair Bolsonaro pressionou o Alto Comando do Exército a aderir ao golpe, que teria como pontapé inicial a assinatura de um decreto presidencial. Os militares, em sua maioria, ficaram ao lado da democracia e do respeito ao resultado das urnas.
O decreto, que já estava pronto para ser assinado, previa a prisão do ministro Alexandre de Moraes, do STF, então presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), e a anulação das eleições, mantendo Bolsonaro no poder.
Ainda que na denúncia o procurador-geral da República, Paulo Gonet, não tenha pedido sua prisão preventiva, o mais provável é que o Supremo Tribunal Federal (STF) aceite e condene o ex-presidente Bolsonaro.
As provas obtidas na investigação colocam Jair Bolsonaro como peça central no planejamento para impedir a posse de Lula e manter-se no poder.
A denúncia ainda demonstra que Jair Bolsonaro sabia e concordou com o plano “Punhal Verde e Amarelo”, que tinha como objetivo assassinar o presidente Lula, seu vice, Geraldo Alckmin, e o ministro Alexandre de Moraes.