Marcelo Nogueira, que trabalhava para a ex-mulher de Bolsonaro, viu a escritura da mansão e achou que R$ 500 mil pelo imóvel de luxo com piscina era muito pouco. Ela, então, explicou: “é que sempre tem um por fora, né?”
Depois das informações levantadas pelo site UOL dando conta de que dos 107 imóveis adquiridos pela família Bolsonaro, 51 foram pagos em dinheiro vivo, o que levantou suspeitas da origem do dinheiro, agora, um ex-funcionário da família, Marcelo Nogueira, contou mais detalhes sobre as falcatruas de seus ex-patrões.
Em entrevista ao site UOL nesta sexta-feira (2) ele afirmou que a advogada Ana Cristina Siqueira Valle, segunda ex-mulher de Bolsonaro, confidenciou a ele [Marcelo] que a primeira mansão onde o casal viveu, na Barra da Tijuca (RJ), entre 2002 e 2007, foi paga com “dinheiro por fora”.
RACHADINHA
Marcelo relatou que começou a trabalhar para Cristina e Bolsonaro na campanha de Flávio Bolsonaro para deputado estadual, em 2002, e depois foi convidado a permanecer trabalhando na nova mansão que o casal havia comprado. O imóvel que fica na rua Maurice Assuf, na zona oeste do Rio, foi comprado em 22 de novembro de 2002.
Ele contou que, ao limpar o escritório e organizar alguns papéis, viu a escritura da casa, por ocasião da mudança, e comentou com Cristina que se surpreendeu com o valor, dadas as características do imóvel. Marcelo afirma que então Cristina disse a ele: “É que sempre tem um por fora, né?”. “Quando ela comprou aquela casa da Barra, na época, por R$ 500 mil, na documentação. Só que foi mais. Que foi dado em dinheiro vivo, por trás”, contou o ex-funcionário.
Marcelo Nogueira fazia parte do núcleo de assessores de gabinete de Flávio Bolsonaro quando ele era deputado estadual, atuando como assessor entre 2003 e 2007. Era neste gabinete que funcionava o esquema de rachadinha, com funcionários fantasmas que devolviam parte do salário por fora para om deputado. Apesar de estar lotado no gabinete, o trabalho de Marcelo sempre foi gerenciar a mansão onde Ana Cristina vivia e cuidar do filho dela com Jair Bolsonaro, Jair Renan Bolsonaro.
Em 2021, Marcelo Nogueira brigou com Ana Cristina, por desavenças de ordem trabalhista. Desde então ele vem relatando em público supostos crimes da ex-empregadora. Nogueira já havia dito que entregava salário, 13º e férias em dinheiro vivo a Cristina. Também disse que devolvia 80% do seu salário quando ficou no gabinete de Flávio.
DETALHES DA COMPRA
Antes de formalizar a negociação, o antigo casal Bolsonaro fez uma escritura de promessa de compra e venda. Esse documento foi lavrado no 24º Ofício de Notas em 19 de agosto de 2002. Nessa escritura, ficou descrito que a venda da mansão foi negociada por um valor de R$ 500 mil. No entanto, o imóvel, à época, tinha valor de avaliação para cálculo de imposto no total de R$ 874,1 mil. Ou seja, o negócio saiu com um desconto de 43%.
Segundo o acerto de Cristina e Jair com os antigos proprietários, R$ 160 mil foram quitados com um cheque, entregue no ato da compra da mansão, e outros R$ 250 mil deveriam ser pagos até o dia 19 de dezembro de 2002. O casal declarou ao cartório que havia pagado R$ 90 mil anteriormente, como sinal. Não ficou descrito no documento o modo do pagamento desse sinal. Nem foi informado posteriormente, quando a escritura de compra e venda foi formalizada após os R$ 250 mil terem sido quitados.
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