Os servidores públicos da cidade de São Paulo fizeram nova manifestação, na última terça-feira (20), e conseguiram a suspensão da votação do SampaPrev (PL 621/2016). Com o projeto, a Prefeitura pretende elevar a contribuição dos servidores públicos municipais de 11% para 14%, e, além disso, criar uma contribuição suplementar que varia de 1% até 4% e instituir um teto de R$ 5 mil para as aposentadorias, cujo valor complementar seria gerido de maneira privada.
Junto com os servidores, um grupo de mães marchou com seus filhos e declarou apoio às reivindicações dos professores, que estão em greve desde o dia 8 de março.
A Câmara Municipal de São Paulo, em reunião do Colégio de Líderes, decidiu por suspender, temporariamente, a votação da reforma da Previdência de João Dória frente à ampla mobilização dos servidores públicos. De acordo com a vereadora Sâmia Bonfim (PSOL), “a greve dos servidores está encurralando Dória e os vereadores! Estão com medo frente à mobilização. Por isso, o Colégio de Líderes da Câmara formalizou hoje que não haverá votação do projeto nesta semana.” Mas a parlamentar alerta que “esse encaminhamento não significa a retirada do PL de tramitação. Pelo contrário, o governo tentará ganhar tempo”.
Para a assistente social Marcelle Mendes, que esteve presente no ato e tem feito greve em sua unidade, a pré-candidatura de Dória ao governo do Estado é decisiva para essa questão. “Doria está com pressa para usar isso como capital político”. O presidente do Sindicato dos Servidores Municipais de São Paulo (SINDSEP), Sergio Anriqueira, concorda com a assistente social e complementa: “ele quer dar uma sinalização para os bancos, para o mercado financeiro e para a imprensa golpista, que queria a reforma do Temer, que ele é capaz de fazer e o Temer não”.
O líder do governo na Câmara cogita alterar o projeto apresentado, retirando a contribuição suplementar, mas ainda aumentando a alíquota em três pontos percentuais. Para o SINDSEP (Sindicato dos Servidores Municipais de São Paulo) e o Sindicato dos Profissionais em Educação do Ensino Municipal (SINPEEM), as alterações não são o suficiente para o fim das greves e das mobilizações. Eles exigem o arquivamento do projeto de Lei.
Durante o ato, os professores, que foram os primeiros a entrar em greve, decidiram unanimemente pela continuidade das paralisações, que hoje atingem todas as escolas municipais. Além disso, marcaram uma nova manifestação para a quinta-feira (22) às 13h em frente à Prefeitura, e uma assembleia da categoria na sexta (23) às 13h no Masp.
As mães, que se organizaram pelas redes sociais, levaram seus filhos à manifestação e declararam apoio integral às pautas dos professores. “A gente entende que a greve é justa porque os professores serão mais descontados do que eles já são, com um salário que já é defasado. Como é que eles vão conseguir ficar com nossos filhos, com salas superlotadas e ganhando mal e em escola precária?”, declarou Alita Mariah, cujo filho estuda em uma escola municipal da zona oeste da capital.