Nesta sexta-feira (15), a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) realizou em articulação com outras entidades científicas e acadêmicas nacionais a “Mobilização em Defesa da Ciência”. A ideia do evento era mobilizar a comunidade em um movimento em defesa da CT&I e Educação no País.
Nas redes sociais, o evento contou com um tuitaço em defesa da ciência e em repúdio aos cortes de 90% no orçamento da área que foi sancionado por Bolsonaro na sexta-feira.
Um debate foi realizado no canal do Youtube da SBPC com o tema “Cortes no orçamento do MCTI: Qual a solução?”, que contou com a presença das entidades: Associação Nacional de Pós-Graduandos (ANPG), Academia Brasileira de Ciências (ABC), Iniciativa para a Ciência e Tecnologia no Parlamento (ICTP.br), Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), Conselho Nacional das Fundações Estaduais de Amparo à Pesquisa (Confap), Conselho Nacional das Fundações de Apoio às Instituições de Ensino Superior e de Pesquisa Científica e Tecnológica (Confies), Conselho Nacional das Instituições da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica (Conif) e Conselho Nacional de Secretários Estaduais para Assuntos de CT&I (Consecti).
“Eu gostaria de reforçar que nós estamos diante de um projeto orquestrado de desmonte do país, não é apenas uma atitude ignorante, irracional ou equivocada, isso é um projeto e portanto nós temos de resistir a esse projeto e construir um projeto alternativo de país. Nesse momento, a luta é em defesa da sobrevivência do CNPQ, da sobrevivência da ciência brasileira, nós temos de agir muito fortemente cobrando também o MCTI, com mais firmeza que ele tem de assumir o seu papel, porque ele que foi criado pela comunidade científica, ele deve atuar por muito mais firmeza para enfrentar o Ministério da Economia. Temos que contar com o Congresso Nacional, junto também as lideranças partidárias que não podem aceitar chantagem do Ministério da Economia e votar com muito mais consciência e muito mais antenada a comunidade científica. Nós temos que ter uma presença muito mais intensa e atenta junto aos órgãos de controle como o Tribunal de Contas da União (TCU), o Ministério Público Federal (MPF), o Supremo Tribunal Federal (STF) que tem uma ação lá que deve ser julgada e que não pode ser protelada. Quero deixar mais uma mensagem aqui, para que todos e todas nós, estarmos juntos nessa luta. Viva a ciência brasileira e viva também a construção de um projeto que resista a esse quadro de desmonte e construa um país diferente”, disse Ildeu de Castro Moreira, presidente de honra da SBPC.
A mobilização ocorre em meio ao anúncio da semana passada, em que o Ministério da Ciência, Tecnologia e Informação vai deixar de receber R$ 565,6 milhões que iriam para a principal fonte de fomento à pesquisa no país, o FNDCT. Inicialmente, a pasta teria à disposição R$ 655,4 milhões no fundo. Mas 86,3% do valor previsto foi congelado, restando R$ 89,8 milhões.
A mudança foi autorizada pelo Congresso, diante de um pedido do Ministério da Economia para mudar o projeto de lei que havia criado o crédito complementar para o FNDCT.
“Estamos na luta pela defesa da ciência, da tecnologia, da inovação, da educação no Brasil. Hoje, celebramos um grande dia, que é o dia do professor, um dia de uma categoria que é fundamental pro desenvolvimento do país, ligada diretamente à educação em todos os níveis. Mas também é um dia de luta, como já mencionou o Renato, uma luta que é muito importante no momento atual, onde os cortes bruscos ameaçam a ciência e a inovação no país. Então estamos aqui pra participar desse dia, a Academia Brasileira de Ciências está participando desse dia que é de celebração e de luta. Vamos em frente”, disse Luiz Davidovich, presidente da ABC.
“É muito importante essa iniciativa da gente conseguir organizar a sociedade na defesa contra esses excessivos cortes que nós temos sofrido, na ciência, na desvalorização da ciência, como tem feito esse governo, ele é fruto da ausência de um projeto nacional pro Brasil, já que a ciência é fundamental para construir o desenvolvimento do país. Temos que lutar contra esses retrocessos no campo do orçamento da ciência. Eu acredito que a gente deve pautar e colocar no centro dessa discussão a necessidade de se valorizar a ciência, a tecnologia e o nosso país”, disse Flávia Calé, presidenta da ANPG.
Para acompanhar o debate na íntegra: