(16/11/2007)
A temperatura do planeta, desde 1998, parou de aumentar – o ano de 98 registrou temperaturas inferiores a 1930, particularmente 1934. O aumento na concentração atmosférica de CO2 pode não ter nada a ver com a atividade humana e sim ser devido às variações naturais do clima e da temperatura dos oceanos. Os modelos do clima global produzidos para o IPCC “são modelos bastante rudimentares e que não representam adequadamente os processos físicos que ocorrem na atmosfera terrestre”.
Essas e outras afirmações você confere na entrevista concedida ao HP pelo físico, meteorologista e membro do Grupo Gestor da Comissão de Climatologia da Organização Meteorológica Mundial (WMO), professor Phd do Departamento de Meteorologia da Universidade Federal de Alagoas, Luiz Carlos Baldicero Molion.
Para ele, “esses modelos do clima absolutamente não têm a capacidade de fazer uma previsão deste gênero. Portanto, os resultados destes modelos são inúteis, não passam de meros exercícios acadêmicos, ou, para ser mais grosso, eu diria que os resultados desses modelos são lixo. Na comunidade científica existe até uma sigla, GIGO, que significa garbage in, garbage out. Ou seja, se você coloca lixo dentro, você gera lixo como resultado”. Se você alimentar um programa computadorizado com dados que não refletem a realidade, não tem como o cenário resultante se aproximar mais dela.
E faz um alerta: os países desenvolvidos têm necessidade de manter as reservas de energia do planeta sob seu controle. Para isso, tentam forçar a redução no uso de tais riquezas pelos países que as possuem. Em tempos de grandes descobertas petrolíferas, esse parece ser um alerta a ser considerado.
MARIANA MOURA
HP: O senhor afirma que a temperatura do planeta parou de aumentar. O alarme do IPCC não se justifica?
MOLION: Eu digo 1998 porque de lá pra cá, nos anos seguintes de 99 até 2007, as temperaturas foram inferiores a 1998. E 98 em si teve temperaturas inferiores a 1930, particularmente 1934.
Em agosto o doutor Jim Hansen, do Goddard Institute for Space Studies (GISS), reconheceu que eles fizeram um erro ao colocar 1998 como o ano mais quente da série de 120 anos e então colocaram novamente o ano 1934 como o ano mais quente. Isso depois de muita pressão que sofreu da comunidade científica que não concorda com o “fato” do aquecimento global antropogênico.
Ele já iniciou a série de gráficos aplicando ajustes que são estranhos aos dados observados para atingir um objetivo.
HP: Que objetivo?
MOLION: Os interesses são essencialmente econômicos. De grupos econômicos que querem continuar regendo o mundo. Esse grupo pretende continuar dominando. Pega um país como a Inglaterra, por exemplo, que tem que fornecer energia para 70 milhões de habitantes, e é totalmente dependente da energia proveniente do gás. Um país como os Estados Unidos tem uma forte dependência do petróleo. O aumento do petróleo que houve, quando o barril passou dos 85 dólares, foi provocado particularmente pelo fato que chegou a conhecimento público que as reservas americanas de petróleo estavam baixas.
Estes países que não têm mais suprimento de energia precisam continuar explorando os países pobres, também chamados países em desenvolvimento.
Agora o pessoal está muito preocupado que a China está entrando na África. Como ela está tendo um crescimento acelerado, ela está procurando recursos naturais em outros países que tinham sido renegados como colônias até então. E a China está indo procurar recursos naturais na Àfrica, está com parcerias com o Brasil. E é isso que preocupa mais os países desenvolvidos.
HP: Como a ciência serve de fundamento a esses interesses políticos e econômicos?
MOLION: Essa série de temperaturas, particularmente de 77 a 98, tem sido umas das bases para dizer que o homem é o autor, é o responsável por esse aquecimento. Particularmente porque o CO2 aumentou. Pelo cálculo do IPCC a concentração de CO2 estaria em 379 ml de CO2 por metro cúbico de ar. Então a idéia é que como o CO2 é um gás de efeito estufa, ou seja, ele absorve radiação emitida pela superfície da Terra, se ele aumentou a conclusão é que com o aumento de CO2 aumenta a absorção da radiação emitida pela superfície da Terra e diminui o escape dessa radiação, a quantidade dessa radiação que escaparia para o espaço.
Mas o aumento de CO2 pode ter tido causas naturais porque a solubilidade do CO2 nos oceanos é inversamente proporcional à temperatura. Quanto mais frios forem os oceanos maior é a concentração do CO2 nos oceanos. Na medida em que os oceanos se aquecem eles expulsam ou deixam de absorver o CO2.
Uma forma de acompanhar isso é nos refrigerantes. Quando você tira o refrigerante da geladeira e coloca num copo você vê um monte de bolhinhas CO2 saindo. Se você não beber, e ele aquecer até a temperatura ambiente, ele expulsa as bolhas e o refrigerante fica sem gás.
Imagine isso agora aplicado para os oceanos, que ocupam 70% da superfície do planeta terra. Quando os oceanos se aquecem eles expulsam o CO2. Então quando é dito que aumentou o CO2 em função das atividades humanas, na realidade pode ser que seja que o CO2 saiu naturalmente dos oceanos pelo fato de os oceanos reconhecidamente terem aquecido ao longo do século XX.
O aumento de CO2 então não teria nada a ver com a atividade humana.
HP: A maior confiança é depositada nos modelos climáticos…
MOLION: Esses modelos do clima global são bastante rudimentares e não representam adequadamente os processos físicos que ocorrem na atmosfera terrestre. Dentre eles particularmente nuvens, sua formação e distribuição, e os oceanos, em especial as mudanças na distribuição de calor produzidas pelas correntes oceânicas e as configurações de temperaturas na superfície do mar resultantes dessas redistribuições pelas correntes. Então pega-se um modelo desse e faz-se uma projeção para 100 anos em que não são consideradas as variações que os oceanos vão sofrer. A dinâmica dos oceanos é algo que não consta nesses modelos.
O conhecimento que se tem sobre o transporte de calor da região tropical para a região fora dos trópicos e o que se tem das correntes marinhas ainda é bastante precário.
Não adianta fixar os mesmos modelos que são utilizados para a previsão do tempo de 24 horas, 48 horas para, 4 dias. Porque em um período relativamente curto, um ou dois dias, a temperatura da superfície do mar não muda muito por que as correntes marinhas são muito lentas. Mas quanto se integra um modelo não para um ou dois dias, mas para cem anos, as variações que estão ocorrendo no oceano seriam muito importantes para determinar o efeito no clima global.
HP: Então ainda estamos longe de entender o clima do planeta?
MOLION: Os cenários produzidos pelo IPCC no Sumário para Formuladores de Políticas para o ano de 2006, que foi lançado em fevereiro de 2007, (quase idêntico ao filme do Al Gore, qualquer coincidência é mero acaso), dizem que a temperatura daqui a cem anos estaria entre 3 e 4,5 graus acima do que está hoje. Esses modelos do clima absolutamente não têm a capacidade de fazer uma previsão deste gênero. Portanto, os resultados destes modelos são inúteis, não passam de meros exercícios acadêmicos, ou, para ser mais grosso, eu diria que os resultados desses modelos são lixo. Na comunidade científica existe até uma sigla, GIGO, que significa garbage in, garbage out. Ou seja, se você coloca lixo dentro, você gera lixo como resultado.
O clima da Terra tem variado ao longo das eras, forçado por fenômenos de escalas de tempo decadal até milenar. A representatividade global da série de temperaturas é questionável e a possível intensificação do efeito-estufa pelas atividades humanas, bem como as limitações dos modelos matemáticos de simulação de clima, não permitem a transformação da hipótese do aquecimento global antropogênico em fato científico consumado.