“A Proclamação da República foi um golpe militar improvisado e injustificável”, disse
O indicado de Jair Bolsonaro para a Biblioteca Nacional, o advogado Rafael Alves da Silva, afrontou, no último dia 15 de Novembro, as Forças Armadas Brasileiras e atacou a honra dos militares e do Brasil, acusando o Marechal Deodoro da Fonseca, criador da República, de golpista.
“A Proclamação da República foi um golpe militar improvisado e injustificável. O Brasil nunca mais se encontrou. Nada a comemorar”, disse o novo presidente da Biblioteca Nacional. Como ele, Abraham Weintraub, Ministro da Educação, também havia afrontado as FFAA. dizendo que Deodoro era “um golpista”.
Estranhamente nenhum dos dois membros do governo, Rafael Alves ou Weintraub, foi até agora admoestado ou advertido pelo chefe do Executivo por terem desrespeitado as FFAA e desonrado de forma acintosa um de seus maiores símbolos, o Marechal Deodoro. O silêncio do governo sobre essas ofensas está sendo interpretado como anuência do Planalto.
O monarquista escolhido para comandar a Biblioteca Nacional, uma das maiores e mais importantes instituições culturais do mundo, obviamente não poderia de deixar de ser também um racista e um escravocrata.
É nesta condição que, entre palestras e twitters, ele vem tentando desqualificar os dados oficiais sobre os negros serem mais assassinados do que brancos no Brasil.
“Se o reconhecimento científico de quem é negro e quem é branco é impossível, o reconhecimento estatístico só pode ser feito por razões de aparência, reconhecimento de cor ou auto-identificação. Quem diz que alguém é negro? O IBGE. Como? Por meio de pesquisas nas quais a pessoa, assim como no caso do gênero, pode se dizer negra a despeito de ser resultado de mestiçagem complexa”, escreveu o novo presidente da Biblioteca Nacional.
“Então, na verdade, não são negros os que mais morrem, são aqueles que se reconheceram negros ou pardos de forma relativamente arbitrária. Como os institutos de pesquisa têm apontado que a maioria da população é negra (pelos novos critérios elásticos já mencionados), então, é natural que numa maioria negra a maioria dos crimes sejam cometidos contra negros, certo?”, complementa.
Com o guru morando na Virgínia, não podia ser outro o conteúdo de suas “palestras”.
Uma das credenciais de Rafael Alves da Silva para assumir o cargo, além de ser olavete, foi ser palestrante na Cúpula Conservadora das Américas (CPAC), versão tupiniquim de uma das seitas mais reacionárias do mundo, formada por racistas, armamentistas, monarquistas, escravistas, lunáticos, anticomunistas, milicianos, neonazistas, terraplanistas e demais aluados do planeta.
Todos eles se reuniram recentemente no Brasil – com os generosos auspícios do fundo partidário do PS – sob a batuta do deputado Eduardo Bolsonaro, apontado como um dos chefes das milícias digitais do governo Bolsonaro.
O novo presidente da Biblioteca Nacional não conhece livros, mas é um usuário do twitter e do facebook.
Nas redes ele é um conhecido defensor do obscurantismo medieval e um conspirador fanático contra a República. Rafael Nogueira usa também em sua cruzada o programa de doutrinação Hora Conservadora, transmitido semanalmente pela Rádio Litoral FM, de Santos, sua cidade natal.
Em uma de suas mensagens pelo twitter, Rafael Nogueira associou o cantor e compositor Caetano Veloso, o grupo Legião Urbana e Gabriel O Pensador ao analfabetismo. “Livros didáticos estão cheios de músicas de Caetano Veloso, Gabriel O Pensador, Legião Urbana. Depois não sabem por que está todo mundo analfabeto”, escreveu o intelectual olavista.
A Biblioteca Nacional é a depositária do patrimônio bibliográfico e documental do Brasil, considerada pela Unesco uma das dez maiores bibliotecas nacionais do planeta e a maior da América Latina.
Ela já teve nomes como os escritores Raul Pompeia e Josué Montello, o poeta Afonso Romano de Sant’Anna, o pesquisador Eduardo Portella, que já tinha sido ministro da Educação, o sociólogo Muniz Sodré, o editor, historiador e colecionador Pedro Correa do Lago, o cientista social e professor Renato Lessa e o jornalista envolvido com projetos de formação de leitores Galeno Amorim.
Nações republicanas nasceram do ímpeto popular