Segundo a FGV, no segundo e terceiro trimestres deste ano ocorreram taxas negativas. O desastre que Guedes quer esconder
Os dados do Monitor do PIB da Fundação Getúlio Vargas (FGV) divulgados na sexta-feira (19) de queda de 0,1% na atividade econômica brasileira no terceiro trimestre deste ano, na comparação com o trimestre anterior, se somam à previsão divulgada durante a semana pelo Índice de Atividade do Banco Central (IBC-Br). O índice, considerado uma “prévia do PIB”, registrou um recuo de 0,14% no trimestre encerrado em setembro.
O país está estagnado, ao contrário das afirmações lunáticas do ministro da Economia, Paulo Guedes.
“No segundo e terceiro trimestres deste ano ocorreram duas taxas negativas de -0,1% em comparação aos trimestres imediatamente anteriores. Por sua vez, a taxa acumulada em 12 meses, até setembro foi de apenas 3,7%”, destacou Claudio Considera, coordenador do Monitor do PIB-FGV.
Os dados oficiais do PIB, a soma de todos os bens e serviços produzidos no país em valores, será divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) no início de dezembro. A Fundação Getúlio Vargas considera para elaboração do monitor os índices de atividade dos grandes componentes do PIB – como produção industrial, comércio e serviços, consumo das famílias e investimentos.
No contraste mensal, o indicador de setembro registrou variação de apenas 0,3% em relação a agosto. Na comparação interanual a economia teria crescido 4,1% no 3º trimestre e 2,4% em setembro – o que ainda não repõe as perdas de 2020.
O mês de setembro foi marcado por queda generalizada: a produção industrial ficou 3,2% abaixo dos níveis da pandemia, tendo registrado queda de -1,1% no terceiro trimestre do ano; no comércio varejista, impactado pela queda na renda e pela carestia, as vendas caíram -1,3% no mês e menos 5,5% ante setembro de 2020, e encerraram o terceiro trimestre no vermelho (-0,4%). O setor de serviços, apesar do retorno garantido pela ampliação da vacinação, que sofreu boicote aberto do governo Bolsonaro e sofre as consequências da inflação galopante, ainda amarga muita dificuldade no retorno às atividades e registrou queda de 0,6% em setembro.
Revisão PIB 2020
O Monitor do PIB também estimou que o resultado do PIB em 2020 será revisado de -4,1% para -4,2%, após o IBGE ter reduzido a taxa oficial de crescimento da economia em 2019, de 1,4% para 1,2%.
O resumo dos quatro anos de governo de Bolsonaro e Paulo Guedes será de uma economia que andou para trás. Com a economia em frangalhos graças à inflação disparada, desemprego recorde e queda na produção, nos investimentos e no consumo das famílias, as expectativas de crescimento têm sido sucessivamente revisadas para baixo, tanto em 2021 quanto em 2022.
A média das estimativas dos analistas para a alta do PIB neste ano passou de 4,93% para 4,88%, segundo a última pesquisa Focus do Banco Central. Para 2022, a estimativa foi reduzida de 1% para 0,93% – enquanto outras previsões de instituições financeiras já preveem resultados abaixo de 0%, como o Banco Itaú e o Credit Suisse que veem recessão em 2022, com queda de 0,5% do PIB.
É neste cenário que o governo Bolsonaro continua insistindo que o Brasil está em plena recuperação e, nas palavras do ministro da Economia, “crescendo mais que a média mundial”, quando o FMI divulgou que o Brasil está na lanterninha entre os países do G-20.