Agentes que serviram a Bolsonaro foram presos pela PF com US$ 150 mil escondidos em casa
A Polícia Federal cumpriu mandados nesta sexta-feira (20) para investigar irregularidades na conduta de servidores da Agência Brasileira de Inteligência (Abin). Segundo a investigação, eles usaram sistemas de GPS para rastrear celulares de políticos, jornalistas e até de integrantes do Judiciário, sem autorização judicial.
A fabricante do software FirstMile, desenvolvido pela empresa israelense Cognyte, que tem um escritório em Florianópolis (SC), também foi alvo de buscas. Segundo as investigações, a rede de telefonia brasileira teria sido invadida diversas vezes, com a utilização do serviço adquirido com recursos públicos. Para tal, era usado o sistema de geolocalização da Abin.
As condutas criminosas teriam ocorrido, segundo a PF, durante a gestão Jair Bolsonaro, quando a agência era presidida pelo atual deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ).
Ao todo, a PF cumpre 25 mandados de busca e apreensão e dois de prisão preventiva nos estados de São Paulo, Santa Catarina, Paraná e Goiás e no Distrito Federal. A ação foi autorizada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.
Em nota após a operação, a Abin informou que instaurou um procedimento para apurar a questão, que todas as solicitações da PF e do STF foram atendidas integralmente e que colaborou com as investigações desde o início. Ainda segundo a agência, o software espião deixou de ser usado em maio de 2021.
Moraes determinou o afastamento do cargo de diretores atuais da Abin – que foram mantidos nos postos mesmo após a troca de governo. Com um desses diretores, Paulo Maurício, a PF apreendeu US$ 150 mil. Rodrigo Colli e Eduardo Arthur Yzycky foram presos por terem conhecimento do esquema e coagiram colegas para evitar uma possível demissão.
Segundo os investigadores, apesar do encerramento do contrato em 2021, há indícios de que o uso do sistema se intensificou nos últimos anos do governo Bolsonaro para monitorar ilegalmente servidores públicos, políticos, policiais, advogados, jornalistas e até mesmo juízes e integrantes do STF.
Cerca de 20 pessoas foram intimadas a prestar esclarecimentos. Os depoimentos simultâneos serão tomados ainda na manhã desta sexta, na sede da PF.
As investigações conduzidas pela Polícia Federal (PF) apontam que a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) foi usada para espionar jornalistas de diversos veículos de imprensa, políticos opositores ao governo do ex-presidente Jair Bolsonaro e integrantes do Supremo Tribunal Federal (STF), inclusive juízes da Corte.