O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), negou um pedido de soltura de Silvinei Vasques, ex-diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal (PRF), que está preso por usar a corporação para atrapalhar as eleições de 2022.
Segundo o g1, Moraes argumentou que as diligências ainda estão ocorrendo e, em liberdade, Silvinei Vasques poderia atrapalhar a investigação.
Vasques foi preso preventivamente no dia 9 de agosto, no âmbito da investigação sobre o uso da Polícia Rodoviária Federal para favorecer Jair Bolsonaro na disputa presidencial. Ele é investigado por suspeita de crime eleitoral, prevaricação e abuso de autoridade.
No dia do segundo turno, a PRF realizou blitze focadas na região Nordeste, onde Lula teve uma maior vantagem sobre Bolsonaro no primeiro turno.
Enquanto 571 ônibus foram fiscalizados no Sudeste, região mais populosa, 2.185 ônibus foram fiscalizados no Nordeste, apontam relatórios da PRF. Toda a operação já era um descumprimento de uma ordem do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que assegurava o transporte de eleitores naquele dia.
Vasques orientou seus colegas a realizarem um “policiamento direcionado”, conforme mostram mensagens apreendidas.
As investigações mostram que Silvinei Vasques agiu junto com o governo Bolsonaro, em especial com o Ministério da Justiça, à época chefiado por Anderson Torres.
A Diretoria de Inteligência do Ministério mapeou os locais onde Lula obteve uma margem maior sobre Bolsonaro. O mapeamento, usado para as blitze, foi encontrado nos celulares de agentes da PRF.
A investigação indica que Anderson Torres tentou envolver a Polícia Federal no plano golpista, mas não conseguiu apoio dentro da corporação.
As blitze só foram interrompidas por ação do TSE, que ameaçou Silvinei Vasques de prisão caso descumprisse a ordem.
Depois de passar no Tribunal para se explicar, o então diretor-geral da PRF foi até o Palácio da Alvorada para se reunir com Jair Bolsonaro e Anderson Torres.
A defesa de Silvinei Vasques anunciou que vai recorrer e tentar, novamente, a soltura para seu cliente.
Em nota, os advogados alegam que Alexandre de Moraes está agindo desconhecendo a legislação brasileira e sua decisão de manter Vasques preso “não se coaduna com o prestígio que ele goza junto à comunidade jurídica nacional e internacional”.