
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), transformou a prisão em flagrante de Roberto Jefferson em prisão preventiva.
Jefferson foi preso no domingo (23), após disparar mais de 50 tiros de fuzil e 3 granadas contra policiais federais. No bunker dele, instalado na casa em Comendador Levy Gasparian, no interior do Rio de Janeiro, foi encontrado um arsenal com fuzis e mais de 7 mil cartuchos de munições.
Na ação criminosa de Jefferson, o delegado Marcelo Vilella foi ferido na cabeça. Um exame de raio X constatou dois fragmentos, possivelmente estilhaços de vidro, alojados em seu crânio.

A agente Karina Lino teve ferimentos no rosto e na coxa, e ficou com estilhaços de granada no quadril, segundo a perícia da PF.
Na decisão da prisão preventiva, Moraes afirmou que, após ter sido verificado que Jefferson tem um vasto arsenal de armas e munição, a detenção dele é necessária para garantir a ordem pública.
“Conforme já destacado, o preso se utilizou de armamento de alto calibre (fuzil 556) para disparar uma rajada de mais de 50 (cinquenta) tiros, além de lançar 3 (três) granadas contra a equipe da Polícia Federal. O cenário se revela ainda mais grave pois, conforme constou do auto de apreensão, foram apreendidos mais de 7 (sete) mil cartuchos de munição (compatíveis com fuzis e pistolas)”, escreveu o ministro.
“Essa conduta, conforme ampla jurisprudência desta Suprema Corte, revela a necessidade da custódia preventiva para garantia da ordem pública”, completou Moraes.
A prisão preventiva não tem um prazo específico para deixar de vigorar. A saída do preso depende de nova decisão judicial.
Alexandre de Moraes é relator do inquérito das mílicias digitais, que investiga organização que se articula para atacar a democracia e as instituições. Jefferson é alvo desse inquérito.
No domingo, a Polícia Federal foi à casa do ex-deputado, no interior do Rio, para cumprir mandado de prisão, expedido por Moraes, que revogava a prisão domiciliar de Jefferson. Moraes apontou que Jefferson desrespeitou as regras da prisão domiciliar.
O aliado de Bolsonaro resistiu à prisão e atacou os policiais, levando mais de 8 horas para se entregar. Moraes expediu novo mandado, dessa vez por prisão em flagrante, em razão da agressão à PF.
O ex-deputado tinha porte de armas por ser um CAC (Caçador, Atirador e Colecionador), mas ele estava proibido de portar armamentos desde que foi preso. O episódio do uso de fuzis e granadas contra policiais federais mostra que o bolsonarista desobedeceu também a esta ordem.
Mesmo quem é CAC não pode possuir granada. Foi a pretexto de favorecer os CACs que Bolsonaro encontrou um meio para liberar as armas no país. Através dos CACs, muitas das armas pesadas liberadas acabam nas mãos de organizações criminosas.