O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou, na sexta-feira (16), o fim do sigilo sobre as mensagens no celular de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, que demonstram o empenho do antigo governo para atacar a democracia.
As conversas de Mauro Cid foram obtidas com a apreensão dos celulares do ex-assessor de Bolsonaro.
Na sexta-feira (16), a revista Veja publicou uma parte das mensagens, o que motivou a quebra de sigilo por parte do STF.
Os arquivos do Whatsapp de Mauro Cid mostram que Bolsonaro e sua trupe tramou, depois de perder as eleições presidenciais, formas de dar um golpe de Estado.
Mauro Cid guardou, em uma conversa que usava como “backup”, um decreto presidencial que declararia “Estado de Sítio” e iniciava uma Operação de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) para uma falaciosa “restauração do Estado Democrático de Direito no Brasil”.
Veja aqui:
O documento salvo por Cid dizia que o STF e o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) tinham agido, na visão golpista deles, de forma “inconstitucional” durante as eleições.
Outras ideias golpistas estavam envelopadas em “artigos científicos” que justificaram ações antidemocráticas com uso da Forças Armadas.
Mauro Cid ainda guardou arquivos sobre as “ideias” do jurista Ives Gandra argumentando que poderia haver um farsesco golpe de Estado constitucional.
O ajudante de ordens de Bolsonaro conversava com um coronel do Exército chamado Jean Lawand Júnior, que pedia “pelo amor de Deus” que o governo Bolsonaro desse um golpe de estado.
Nas mensagens, trocadas entre o final de novembro e dezembro de 2022, Mauro Cid indica que o governo estava tentando organizar o golpe.
Quando Lawand pergunta “cadê a ordem” para que as Forças Armadas ou os apoiadores de Bolsonaro dessem um golpe, Cid responde: “Estamos na luta”.
O ajudante de ordens ainda admitiu que Bolsonaro não tinha o apoio da cúpula do Exército brasileiro quando falou que “o presidente não pode dar uma ordem se ele não confia no Alto Comando do Exército”.
Lawand insistiu que “o homem [Bolsonaro] tem que dar a ordem. Se a cúpula do EB não está com ele, de Divisão para baixo está”. Cid falou que “muita coisa [está] acontecendo… Passo a passo”.
No dia 21 de dezembro, o coronel Lawand disse que foi informado que “não vai sair nada. Decepção, irmão. Entregamos o país aos bandidos”. Cid concordou: “Infelizmente”.
O fim do sigilo sobre o relatório da PF sobre as mensagens ainda mostra que Gabriela Cid, esposa do ajudante de ordens, mantinha conversas com outras pessoas, inclusive a filha do general Villas Bôas, Ticiana Villas Boas, sobre o golpe, chamando-as para “invadir Brasília”.