
Cerco aos golpistas vai se fechando. PF ainda não localizou alvos do pedido e segue nas buscas da dupla. Ambos manifestaram discordância com resultado eleitoral e participaram dos atos golpistas em frente aos quartéis
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF) determinou a prisão do bolsonarista Oswaldo Eustáquio e de um dos sócios do canal Hipócritas no YouTube, Bismark Fugazza. A decisão do ministro é da semana passada.
Eustáquio descumpriu medidas cautelares determinadas pela Justiça.
A Polícia Federal, por sua vez, ainda não localizou os alvos da ação do magistrado e segue nas buscas para identificar a localização de ambos os procurados para prendê-los.
Após a realização das eleições gerais em outubro deste ano, tanto Eustáquio quanto Fugazza discordaram do andamento do pleito e do resultado das urnas eletrônicas — que anunciou o retorno do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao comando do Palácio do Planalto, a partir do próximo ano.
DEBOCHE
De acordo com informações veiculadas pela imprensa, de forma geral, Eustáquio tem descumprido as condições impostas para a liberdade dele assegurada pela Justiça.
Eustáquio afirmou em vídeo publicado na última semana que havia protocolado denúncia contra Alexandre de Moraes na Corte IDH (Interamericana dos Direitos Humanos).
Eustáquio debochou da situação e disse que não recebeu informação oficial sobre o mandado de prisão. Ele diz que está em sua casa em Brasília “pintando a churrasqueira para o Ano Novo”.
Ele afirmou que, caso a Polícia Federal envie “o delegado Yuri” ou qualquer outro para detê-lo, vai oferecer “bolo, café, chocotone, panetone e pinhão” para o agente.
No caso de Fugazza, a prisão é pelo que tem feito ostensivamente em favor dos atos golpistas.
AÇÕES GOLPISTAS
Com isso, ambos os apoiadores do atual presidente derrotado Jair Bolsonaro (PL) foram às ruas e participaram de atos em frente aos quartéis nos últimos dias, fazendo ameaças e pregando golpe contra as instituições.
Em 2020, Eustáquio já havia sido preso pela PF — por determinação de Moraes — com base nos autos do inquérito dos atos antidemocráticos no mesmo ano.
Fugazza utilizou as redes sociais dele, nesta segunda-feira, para falar ao público dele que é o povo quem “decide onde coloca sua fé” e que em “questões de minutos, tudo pode mudar”.
ENTENDA OS FATOS
Após a derrota de Bolsonaro, em 30 de outubro, bolsonaristas promoveram bloqueios de estradas em todas as regiões do país e fizeram peregrinação às unidades das Forças Armadas. Muitos desses atos se tornaram violentos, inclusive com ataques contra a polícia.
Em Brasília, eles permanecem acampados em frente ao QG do Exército. Nas últimas semanas, têm realizado atos em outros pontos da capital do País.
Os apoiadores do atual presidente acompanharam, por exemplo, audiência em comissão do Senado na qual fizeram ataques ao processo eleitoral e ao Supremo. Eles pediram a prisão ou impeachment de Moraes — Eustáquio e Fugazza participaram do evento.
“A gente está junto com o povo na rua há mais de 30 dias. Há 30 dias, junto com o povo. Eu saí de Itajaí, Santa Catarina, e estou aqui em Brasília, desde o dia 3. Tenho andado até com o Oswaldo Eustáquio, que também sofreu censura, hoje está na cadeira de rodas, até por consequência disso”, afirmou o youtuber bolsonarista na audiência.
AMEAÇA A LULA
Ainda na fala expressa na audiência, o bolsonarista afirmou que a “tirania do Judiciário” está com os dias contados no Brasil e fez ameaça sobre a posse de Lula. “O ladrão não sobe a rampa”, disse.
O influenciador digital também acompanhou o protesto que o grupo fez próximo ao hotel onde Lula está hospedado. Xingamentos contra o petista e contra ministros do STF foram proferidos.
A escalada da violência nos atos antidemocráticos liderados por bolsonaristas fez desmoronar o discurso público de Bolsonaro e dos aliados, que destacavam as manifestações como ordeiras e pacíficas e buscavam associar protestos violentos a grupos de esquerda.
CRIME DE TERRORISMO
Com casos de violência que incluem agressões, sabotagem, saques, sequestro e tentativa de homicídio, as manifestações atingiram o ponto crítico e acenderam o alerta das autoridades, que realizaram prisões e investigam até crime de terrorismo.
Os responsáveis poderão ser punidos na Justiça com base na Lei Antiterrorismo, legislação que os próprios bolsonaristas tentaram endurecer visando punir manifestantes de esquerda.
Um dos casos mais recentes de violência ocorreu na véspera de Natal, quando um homem foi preso por ter tentado explodir caminhão de combustível, em Brasília, nas proximidades do aeroporto internacional JK.
Outro caso aconteceu no dia 12 de dezembro. Horas após a diplomação de Lula, ordem de prisão expedida por Moraes, do Supremo, contra indígena bolsonarista acabou em atos de violência, vandalismo e terrorismo em frente à sede da PF e em vias públicas no centro da Capital Federal.
M. V.
O golpe foi dado quando o ladrão do molusco foi solto. Lula não é vítima. Essa imprensa esquerdista me dá náuseas.
As náuseas são um problema seu. Compreendemos como a verdade é tão inadmissível para espíritos antidemocráticos que passa a ser um problema visceral. Aliás, de rejeição nas entranhas. Mas o Lula foi eleito – e o Bolsonaro, derrotado. Independente de vísceras e entranhas.