Ex-deputado e ex-presidente do PTB é investigado por ter atirado contra agentes da Polícia Federal em resistência à ordem de prisão
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), tomou a decisão de enviar, nesta quarta-feira (9), para a Justiça Federal de Três Rios (RJ) as investigações contra o ex-deputado Roberto Jefferson (PTB) por ter atirado e lançado granadas contra agentes da Polícia Federal após ordem de prisão, decretada por Moraes.
Segundo Moraes, a conduta do ex-parlamentar, ao atirar e lançar granadas nos agentes policiais, configura crimes de tentativa de homicídio.
Moraes também sinalizou a ideia de que seja reconhecida a instituição do júri.
“Neste caso, as condutas investigadas foram perpetradas em face de funcionários públicos da Polícia Federal que cumpriam mandado de prisão expedido judicialmente, de modo que a competência é da Justiça Federal, conforme entendimento sumulado do Superior Tribunal de Justiça. Compete à Justiça Federal processar e julgar os crimes praticados contra funcionário público federal, quando relacionados com o exercício da função”, escreveu na decisão.
O CASO
Durante as eleições, Roberto Jefferson, amigo pessoal de Jair Bolsonaro, publicou vídeos incentivando a violência contra ministros do STF e um golpe contra a democracia, violando as condições de prisão domiciliar.
Em 22 de outubro, após o primeiro turno das eleições, Moraes emitiu ordem de prisão, apontando descumprimento das medidas estabelecidas para prisão domiciliar, que Jefferson cumpria.
Após a determinação, agentes da PF foram até a casa do ex-deputado, mas foram recebidos com mais de 60 tiros e atacados com três granadas por Jefferson.
Na ação, dois policiais da PF foram feridos, entre eles a agente identificada como Karina Lino. O delegado Marcelo Vilella foi outro policial atingido.
Moraes, então, determinou a prisão em flagrante, por suspeita de tentativa de homicídio, em que dois policiais foram feridos no ataque.
Após mais de 8 horas de negociações, Roberto Jefferson se entregou e começou a cumprir prisão no presídio de Benfica, na Zona Norte do Rio de Janeiro. Ele foi indiciado pela Polícia Federal por quatro tentativas de homicídio contra os agentes.
Depois da repercussão do caso, Jair Bolsonaro fingiu que não era amigo de Jefferson. Em uma entrevista, chegou a falar que “não tem uma foto dele comigo, nada”, o que foi rapidamente desmentido.
Bolsonaro e Jefferson posaram juntos para fotos dentro do gabinete presidencial, em Brasília.
Roberto Jefferson era presidente do PTB e tentou se candidatar à Presidência pela legenda, mas foi impedido pela Lei da Ficha Limpa.
Ele colocou o “padre” Kelmon em seu lugar para servir de linha auxiliar de Bolsonaro nos debates durante o primeiro turno.
M. V.
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