
Senador bolsonarista viajou sem autorização do STF. Ministro Alexandre de Moraes mandou bloquear suas contas, cartões e chaves de PIX
O ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), determinou o bloqueio das contas e chaves PIX do senador Marcos do Val (Podemos-ES), nesta sexta-feira (25). O parlamentar viajou para os Estados Unidos na quinta-feira (24) e burlou as ordens de não realizar viagens.
Além das contas bancárias, o bloqueio atinge todos os cartões e todas as chaves PIX registradas pelo senador. Marcos do Val driblou decisão de Moraes ao usar passaporte diplomático para viajar para os EUA.
A informação da viagem aos Estados Unidos foi revelada pelo portal UOL e também a decisão de Moraes.
INFORMANTE
Segundo o portal Metrópoles, antes de fugir para os EUA, Marcos Do Val se gabou de ter um visto “categoria S” para o país norte-americano. Esse tipo de documento é utilizado pela Casa Branca para permitir a entrada de estrangeiros que fornecem informações consideradas valiosas para os interesses dos EUA.
De acordo com o portal, ele também se gaba de ter 16 fuzis nos Estados Unidos.
ENGANOU A JUSTIÇA
Em agosto do ano passado, a PF (Polícia Federal) esteve em endereço do senador Marcos Do Val, em Vitória (ES), para apreender passaportes do parlamentar, inclusive o documento diplomático por determinação do STF. Na ocasião, o senador disse que iria entregá-lo depois.
Em nota, o senador confirmou que usou o passaporte diplomático. “Meu passaporte diplomático, emitido pelo Ministério das Relações Exteriores, está válido até julho de 2027 e sem restrição”, diz trecho da nota.
E acrescentou: “Além disso, meu visto oficial de entrada nos Estados Unidos foi recentemente renovado, com validade até 2035.”
A decisão de suspensão do passaporte pela Corte ocorreu após suspeitas de que o parlamentar integrava grupo que teria como objetivo intimidar policiais federais.
CRONOLOGIA DOS FATOS
O senador ganhou notoriedade, não pela atuação parlamentar, que é sofrível, mas depois de acusar o governo do então presidente Jair Bolsonaro (PL) de querer gravar reunião com o ministro Alexandre de Moraes.
O senador mudou esta versão algumas vezes e se tornou alvo de inquérito em fevereiro de 2023. Depois, passou a desmentir a própria narrativa, isentar Bolsonaro e atacar Moraes após ser criticado por aliados e pela base eleitoral bolsonarista.
A partir daí, o senador abandonou a atuação parlamentar para qual foi eleito em 2018 e passou a dedicar-se, integralmente, a atacar Alexandre de Moraes, a quem acusa de persegui-lo.
BLOQUEIO NAS PLATAFORMAS E LICENÇA DO CARGO
Em junho daquele ano, foi alvo de operação da PF e teve as contas nas redes digitais suspensas por, segundo o Supremo, obstrução das investigações dos atos do 8 de janeiro.
Diante da ação, afastou-se do cargo de senador por 40 dias. Marcos do Val continuou alegando ser alvo de perseguição e censura.
CRUZADA CONTRA DELEGADO DA PF
Já em 2024, foi alvo de nova operação da PF. Dessa vez, foi proibido de usar redes digitais por publicar a foto e dirigir ataques ao delegado Fábio Shor.
Moraes determinou que entregasse os passaportes aos agentes federais, mas não cumpriu a determinação. À época, disse à imprensa que entregaria os documentos posteriormente.
Moraes também determinou o bloqueio de R$ 50 milhões das contas dele. O senador passou, então, a alegar problemas financeiros e em atos estranhos às atividades parlamentares, disse que dormiria no plenário do Senado por falta de recursos.