
Prazo para cumprimento da determinação judicial é de 10 dias, sob pena de multa diária de R$ 100 mil
O ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), determinou nesta quarta-feira (19), que as empresas Meta — dona do Instagram — e X forneçam dados de 4 contas do blogueiro bolsonarista Allan dos Santos à PF (Polícia Federal).
O ministro também determinou que as plataformas forneçam os conteúdos das postagens realizadas nos perfis, no período de 1º de junho de 2024 a 1º de fevereiro de 2025.
O prazo para cumprimento da determinação judicial é de 10 dias. Caso as ordens não sejam atendidas pelas plataformas, a multa diária estabelecida é de R$ 100 mil.
PEDIDO DA PF
Moraes atendeu o pedido da PF no inquérito que apura a conduta de Allan dos Santos por divulgação de conversas falsas relacionadas à jornalista Juliana Dal Piva.
Allan dos Santos está foragido da Justiça brasileira desde 2021. Está em auto-exílio nos EUA.
FORAGIDO DA JUSTIÇA
O blogueiro teve os perfis bloqueados em julho de 2020, em decisão que integrou o inquérito das fake news. Desde então, ele registra aparições esporádicas nas redes sociais, em que costuma provocar autoridades da Justiça brasileira.
Os métodos para burlar o bloqueio variam em grau de complexidade. Allan dos Santos cria novos perfis nas redes sociais sucessivamente e, dessa forma, obtém acesso às plataformas até que a Justiça perceba a nova conta a ser bloqueada.
Em quase 5 anos de acesso às redes bloqueadas, ele afirmou ter criado mais de 45 contas para burlar as decisões judiciais.
QUEM É ALLAN DOS SANTOS
Foragido da Justiça brasileira, o blogueiro de extrema-direita, o fascista Allan dos Santos vive nos Estados Unidos desde 2021. Ele é alvo de inquéritos no STF sobre fake news e milícias digitais, como suspeito de participação em rede organizada de ataques a adversários políticos do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Ele comandava o canal “Terça Livre”, retirado do ar por ordem judicial. O governo brasileiro retomou os pedidos de extradição dele dos Estados Unidos durante o governo Lula (PT) e chegou a reforçar o pedido para autoridades estadunidenses, mas não houve resposta.
Em agosto passado, Moraes voltou a determinar a prisão do foragido, no âmbito de processo que apura ataques ao STF e a delegados da PF.
“Quem estiver pela Flórida, estou na área”, ironizou o bolsonarista em postagem nas redes sociais, há cerca de 5 meses. “Estou gostando muito [de trabalhar como motorista de aplicativo]. Não deixarei de fazer ‘jornalismo’, mas tenho prioridades e contas, além de não fazer acordo com criminosos.”
MAIS PROVOCAÇÕES
Em outra publicação, no mesmo período, o blogueiro aparece em vídeo dirigindo carro elétrico produzido pela empresa Tesla e fazendo novas provocações a Alexandre de Moraes. “Chupa, Xandão”, disse ele, enquanto conversava com o que parecia ser dupla de passageiros.
Em outro vídeo, o terceiro, ele responde a comentário que questionava quantas leis de trânsito ele teria infringido durante a gravação em que provocou o integrante da Suprema Corte brasileira.
Nas imagens, o blogueiro de 42 anos e nascido em Nova Iguaçu (RJ) aparece dirigindo sem as mãos no volante e dançando. Ele disse que o carro possui piloto automático e dirige sozinho. “Terceiro mundo é f…”, afirmou.
ATIVIDADE EM SOLO ESTADUNIDENSE
Após ser alvo de operações da PF, em maio de 2020, Santos ingressou nos Estados Unidos em julho, com visto de turista que estava vencido desde fevereiro. Mensagens interceptadas pela PF sugerem que o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-RJ), filho do então presidente, teria ajudado Santos a deixar o País.
O deputado, agora, também está auto-exilado nos Estados Unidos. Ele está lá desde 27 de fevereiro e fez vídeo em que afirma que vai pedir licença do mandato parlamentar para permanecer, indefinidamente, em solo estadunidense.
Nos Estados Unidos, o blogueiro fascista tornou-se “correspondente” do próprio portal, Terça Livre, além de aprofundar relações com a extrema-direita local.
Em novembro de 2020, tornou-se alvo de chacota ao defender no Twitter (atual X) a teoria da conspiração de que Donald Trump teria ganho as eleições presidenciais contra Joe Biden, mas estaria “deixando o inimigo agir”.
Naquele mesmo ano, passou a compartilhar conteúdo negacionista sobre a pandemia de coronavírus.