
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), autorizou a realização de acareação entre o general Walter Braga Netto e o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, Mauro Cid, além de outra entre Anderson Torres e Freire Gomes, ex-comandante do Exército.
Moraes também manteve a colaboração de Mauro Cid, rejeitando recursos que pediam a anulação.
Braga Netto, que foi ministro da Defesa e candidato a vice-presidente de Jair Bolsonaro, questionou o depoimento de Mauro Cid sobre a reunião em que foi discutido o plano “Punhal Verde e Amarelo”.
Mauro Cid relatou que o general Braga Netto entregou dinheiro para militares das Forças Especiais engajados no plano para assassinar Moraes, Lula e Alckmin.
“O dinheiro foi entregue numa sacola de vinho. O General Braga Netto afirmou à época que o dinheiro havia sido obtido junto ao pessoal do agronegócio”, disse Cid.
Braga Netto, de acordo com o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, recebeu em sua casa os militares que estavam organizando os assassinatos.
Em depoimento, o general disse que, na verdade, a reunião em sua casa “foi uma visita de cortesia. Só os recebi porque conhecia o Cid e ele disse que queriam me cumprimentar”.
A acareação foi marcada para o dia 24 de julho, às 10h. Braga Netto, que está preso, vai usar tornozeleira eletrônica. A defesa do general pediu o adiamento para o dia 27 de julho, mas ainda não houve decisão nesse sentido.
A outra acareação será entre o ex-ministro da Justiça de Bolsonaro, Anderson Torres, e o ex-comandante do Exército, Freire Gomes, que é somente testemunha no processo. A acareação está marcada para o dia 24, às 11h.
Freire Gomes disse aos investigadores que Anderson Torres esteve presente em reuniões com Jair Bolsonaro e os demais comandantes das Forças Armadas “explanando o suporte jurídico para as medidas que poderiam ser adotadas”.
Nessas reuniões, Jair Bolsonaro pressionou os comandantes para que aderissem ao golpe que planejava. O então presidente apresentou a minuta de um decreto que anularia as eleições e instalaria uma ditadura.
De acordo com Freire Gomes, o documento apresentado por Jair Bolsonaro tinha o mesmo conteúdo do encontrado pela Polícia Federal na casa de Anderson Torres.
Moraes deu cinco dias para que a defesa de Torres apresente exames periciais sobre os documentos. Segundo o ex-ministro da Justiça, as minutas golpistas não são as mesmas.
O ministro do Supremo também determinou ao Google que informe os dados de quem publicou a minuta do decreto presidencial do golpe na internet. Os réus dizem, buscando fugir de qualquer responsabilidade, que as minutas circulavam abertamente na internet.
ANULAÇÃO
A defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro pediu ao STF que anule toda a delação de Mauro Cid com base em uma reportagem da Veja sobre o suposto uso indevido das redes sociais por parte do colaborador. De acordo com Cid, as informações da reportagem e o perfil citado são falsos.
Alexandre de Moraes julgou “impertinente” o pedido e recusou o pedido.