O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, negou o pedido de soltura do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, Mauro Cid, e determinou que ele preste depoimento, nesta sexta-feira (30), sobre seu envolvimento na tentativa de golpe do dia 8 de janeiro.
Mauro Cid está preso desde o dia 3 de maio por ter falsificado as carteiras de vacinação de sua esposa e filhas e do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Em seu celular, apreendido na investigação, a Polícia Federal encontrou conversas e documentos que comprovam seu envolvimento em tramas golpistas. Cid deverá prestar depoimento sobre os planos golpistas nesta sexta-feira (30).
Segundo Alexandre de Moraes, as informações colhidas na investigação reforçam “os indícios de participação dos investigados em esquema criminoso” que falsificou os cartões de vacinação.
“Bem como em outras infrações penais, notadamente em razão da existência de indícios de que a organização criminosa investigada teria, como uma de suas finalidades, a prática dos crimes de golpe de Estado e/ou abolição violenta do Estado Democrático de Direito”, acrescentou o ministro.
A decisão de negar os recursos da defesa e manter Mauro Cid preso foi expedida no dia 25 de junho. Moraes também manteve na prisão outros que eram parte do esquema que fraudou dados do Ministério da Saúde, como Max Guilherme de Moura, Sergio Cordeiro e Ailton Barros.
Em liberdade, argumentou o ministro, eles poderiam atrapalhar as investigações, “em face da possibilidade de destruição/ocultação de provas, bem como com eventual comunicação com outros investigações que surgiram ao longo da produção probatória realizada pela Polícia Federal”.
Alexandre de Moraes destacou que a própria necessidade de novos depoimentos e a continuidade da análise das provas obtidas na investigação “revelam a permanência da necessidade e da adequação das prisões preventivas decretadas”.
Segundo a Polícia Federal, no celular de Mauro Cid foram encontrados documentos e conversas que ressaltam a “hipótese criminal relacionada à participação dos investigados na tentativa de execução de um golpe de Estado”.
Essa participação pode ter sido “por meio de induzimento e instigação de parcela da população aderente à ideologia política professada” ou mesmo através “de atos preparatórios e executórios propriamente ditos”.
Mauro Cid conversou com militares da ativa, como o coronel Jean Lawand Junior, sobre como Jair Bolsonaro deveria dar um golpe de estado.
Além disso, o ajudante de ordens de Bolsonaro salvou no aparelho uma minuta de decreto de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) que usaria as Forças Armadas para impedir a posse de Lula, diante de uma suposta fraude no processo eleitoral.
A atuação de Mauro Cid e de outros investigados pode ter sido um dos “elementos que contribuiu para os atos criminosos ocorridos no dia 08 de janeiro de 2023, materializando os objetivos ilícitos da organização criminosa investigada”, avalia a Polícia Federal.
Sobre a fraude nos cartões de vacinação, a PF afirmou que a análise das mensagens obtidas no celular de Mauro Cid “demais elementos informativos já colhidos na presente investigação”.
Ficou demonstrado que Cid fraudou o cartão de sua esposa, Gabriela Santiago Cid e de suas filhas, que “não tomaram vacina contra a Covid-19, reforçando a inserção de dados falsos nos sistemas do Ministério da Saúde com o objetivo de burlar as regras sanitárias impostas na pandemia da Covid-19”.
O cartão de vacinação de Mauro Cid e de Jair Bolsonaro também foram fraudados para indicar que eles tinham sido imunizados.