Decisão do ministro do STF atende a pedido da Polícia Federal; inquérito investiga omissão de autoridades na invasão aos Três Poderes, em Brasília
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, prorrogou, nesta segunda-feira (27), por mais 60 dias, o inquérito que investiga a omissão de autoridades na invasão e depredação dos prédios dos Três Poderes, em Brasília, em 8 de janeiro.
A decisão de Moraes atende a pedido da Polícia Federal.
No pedido, a PF listou sete pendências para a conclusão das investigações, como a análise dos protocolos de ações da PMDF (Polícia Militar do Distrito Federal) referentes aos atos.
O objetivo, segundo a PF, é verificar se houve quebra de padrão na atuação da corporação no dia das manifestações. Tudo indica que houve, mas o Judiciário deseja que isso fique bem claro no processo.
MAIS PENDÊNCIAS
Conforme a PF, também estão pendentes as imagens das câmeras de segurança da sede do governo do Distrito Federal entre os dias 1º e 20 de janeiro.
“Neste caso, a autoridade policial apontou a pendência de 7 (sete) diligências, sem prejuízo de outras que venham a ser determinadas, especialmente no que diz respeito à análise dos materiais apreendidos”, escreveu Moraes na decisão.
“Assim, considerando a necessidade de prosseguimento das investigações, com a realização das diligências ainda pendentes, há necessidade de prorrogação do presente inquérito”, acrescentou o ministro na decisão.
IBANEIS E TORRES
Entre as autoridades investigadas por omissão estão o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), e o ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal, Anderson Torres.
Torres é suspeito de ter facilitado os atos golpistas. Até o fim de 2022, ele era ministro da Justiça e Segurança Pública do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que deixou o país e foi para os EUA dois dias antes da posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
O ex-secretário está preso desde 14 de janeiro devido aos ataques aos prédios dos Três Poderes, em Brasília. Responsável pela segurança pública do DF, Torres tomou posse no cargo dia 2 de janeiro e ato contínuo exonerou toda cadeia de comando da Secretaria de Segurança Público inexplicavelmente.
Atitude essa, muitos levam a crer, que pode ter sido de sabotagem para facilitar a execução da trama golpista, que se realizou dia 8 de janeiro. Torres viajou com a família para os EUA na madrugada do dia 6 para 7 de janeiro. Antevéspera do “dia da infâmia” bolsonarista contra os poderes da República, a democracia e o Estado de Direito.
Ibaneis, por outro lado, foi afastado do cargo após o episódio, pelo prazo de 90 dias.