O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, autorizou a quebra dos sigilos bancário e fiscal do ex-presidente Jair Bolsonaro e de sua esposa, Michelle Bolsonaro, para investigar o destino do dinheiro adquirido com a venda de joias roubadas da União.
O ministro atendeu o pedido feito pela Polícia Federal (PF) feito na sexta-feira (11) e no sábado (12).
Moraes também deu autorização para que a Polícia Federal faça um pedido de cooperação internacional para os Estados Unidos, local onde Bolsonaro vendeu as joias.
Em relatório, a Polícia Federal aponta a existências de provas de que Jair Bolsonaro era o beneficiário das vendas, recebendo os valores em dinheiro vivo.
As joias foram levadas, em voo presidencial, para os Estados Unidos. As mensagens que foram obtidas na investigação mostram Mauro Cid e outros ex-assessores de Bolsonaro negociando e vendendo as joias em lojas especializadas.
Segundo a defesa de Mauro Cid, ele estava apenas cumprindo ordens de seu superior, Jair Bolsonaro.
Segundo a Veja, que conversou com a defesa, Mauro Cid “vai confirmar que participou da venda das joias nos Estados Unidos, providenciou a transferência para o Brasil do dinheiro arrecadado e o entregou a Jair Bolsonaro — em espécie, para não deixar rastros”.
No caso da venda de dois relógios, um Rolex Day-Date de ouro branco e um Patek Philippe, o dinheiro foi enviado para a conta do general Mauro Lourena Cid, pai do ajudante de ordens.
Depois, Lourena Cid entregou parte do dinheiro em mãos para o ex-presidente Bolsonaro.
“Tem vinte e cinco mil dólares com meu pai. Eu estava vendo o que, que era melhor fazer com esse dinheiro levar em ‘cash’ [dinheiro vivo] aí. Meu pai estava querendo inclusive ir ai falar com o presidente. E aí ele poderia levar. Entregaria em mãos. Mas também pode depositar na conta. Eu acho que quanto menos movimentação em conta, melhor né?”, disse Mauro Cid em um áudio enviado para Marcelo Câmara, outro assessor de Bolsonaro.
Câmara confirmou: “melhor trazer em cachê”.
Para a Polícia Federal, “há fortes indícios de que os investigados utilizaram a estrutura do Estado brasileiro para desviar bens de alto valor patrimonial entregues por autoridades estrangeiras ao Presidente da República ou agentes públicos a seu serviço, e posterior ocultação da origem, localização e propriedade dos valores provenientes, com o intuito de gerar o enriquecimento ilícito do ex-presidente da República”.
O advogado de Mauro Cid, Cezar Bitencourt, ressaltou que “o dinheiro era do Bolsonaro”.
Após saber da decisão de Moraes, Bolsonaro garantiu a aliados em pânico que nem ele, nem a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro receberam depósitos em dinheiro vivo em suas contas bancárias provenientes da venda das joias. Resta saber onde está o dinheiro ou quem está guardando.
Já Michelle debochou da medida: “Bastava me pedir!”.