Procurador-geral pediu novas diligências sobre o caso. Paulo Gonet viu possíveis conexões com Abin e GSI
O ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), decidiu reabrir o inquérito que investiga a interferência do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) na PF (Polícia Federal).
A decisão, tomada nesta quinta-feira (16), atende a pedido do procurador-geral da República, Paulo Gonet, que viu necessidade de novas diligências no caso.
A investigação estava paralisada desde maio, quando a PF enviou relatório final em que defendeu o arquivamento do inquérito. À época, Moraes pediu manifestação do MPF (Ministério Público Federal) antes de decidir sobre o encerramento das apurações pela PF.
Agora, com o novo posicionamento da PGR, o ministro determinou que a PF realize investigações complementares e envie os resultados à Procuradoria, que terá 15 dias para se manifestar.
CONEXÕES COM ABIN E GSI
No pedido encaminhado ao Supremo, Gonet solicitou que a PF esclareça possíveis conexões entre o inquérito e outras apurações em curso, como as que investigam a existência de estrutura paralela na Abin (Agência Brasileira de Inteligência) e no GSI (Gabinete de Segurança Institucional).
Segundo ele, essas frentes podem revelar “elementos comuns” que justifiquem análise mais ampla sobre a atuação do ex-presidente e de auxiliares próximos dele em relação ao órgão de segurança.
“Apesar do relatório conclusivo da PF e do pedido de arquivamento, há necessidade de diligências complementares para permitir juízo mais abrangente sobre os fatos investigados”, escreveu o procurador-geral.
INTERFERÊNCIA NA CORPORAÇÃO
O inquérito foi instaurado em 2020, após o então ministro da Justiça, Sergio Moro — hoje senador pelo Podemos-PR —, afirmar publicamente que Bolsonaro tentava interferir politicamente na corporação ao trocar o comando da Polícia Federal.
Esta foi a razão principal do então ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, ter deixado o governo, na época. Ele saiu “atirando”.
Com a retomada das investigações, o Supremo recoloca sob escrutínio uma das frentes mais sensíveis que envolveu o ex-presidente, que já responde a outros processos e inquéritos no STF, inclusive relacionados a ataques às instituições e ao sistema eleitoral.