Três dias após o New York Times publicar que em maio de 2017 o ex-chefe de campanha de Trump, Paul Manafort, se reuniu em Quito com o presidente Moreno para discutir a entrega da cabeça do editor do WikiLeaks em troca de “alívio para a dívida do Equador”, o vassalo afirmou que “está criado, está feito o caminho para que o senhor Assange tome a decisão de sair a uma quase liberdade”, acrescentando que “não esquecemos que ele não se apresentou aos juízes britânicos e tem que pagar uma pena não larga por isso”. A defesa de Assange afirmou ao site RT “não ter até o momento conhecimento de tal fato”
Na semana passada, vazamento acidental em um tribunal de Nova Iorque revelou o que há anos vem sendo denunciado pelo WikiLeaks e Assange – que há um processo secreto para prender e extraditar o editor que divulgou algumas das mais graves denúncias sobre os crimes de guerra dos EUA no Iraque e Afeganistão, bem como a corrupção no Comitê Nacional Democrata para beneficiar Hillary e prejudicar Bernie Sanders e os instrumentais da CIA para cometer guerra cibernética e deixar pegadas digitais falsas para incriminar outros países.
Apesar dos desmentidos de Moreno sobre as reuniões com Manafort, tudo que ele vem fazendo é uma confirmação da infame negociata, com a reles diferença de que os acertos finais foram com o vice de Trump, Mike Pence, depois que Manafort caiu na malha fina da investigação Mueller.
Além de colocar Assange incomunicável por meses e cercear até reuniões dele com advogados, impor um estatuto de permanência draconiano e até ameaçar o gato do editor, Moreno entregou de volta aos ianques a base aérea de Manta, cuja soberania havia sido restaurada pelo governo Correa.
Agora, em entrevista com a Associação Equatoriana de Radiodifusão, Moreno reiterou que não lhe agrada “a presença do senhor Assange na Embaixada” de Londres, e asseverou que recebeu uma garantia oficial do Reino Unido de que o fundador do WikiLeaks “não será extraditado a nenhum país em que corra perigo sua vida ou haja pena de morte”.
Um especialista ouvida pela agência russa de notícias, Erick Iriarte, considerou que tal “possível saída” não passaria de uma “vulneração à liberdade de asilo” e que se tais garantias existirem, “são temporárias”. Ele acrescentou que mesmo que o próprio governo dos EUA desse a garantia de “não aplicar a pena de morte”, os direitos e liberdades de Assange “correm perigo”.
Além disso, a coincidência com a prisão da diretora financeira da gigante chinesa dos celulares e dos equipamentos, Huawei, no mesmo dia em que Trump combinava com o presidente Xi Jinping uma trégua na guerra comercial, com o secretário de Segurança Nacional, John Bolton, e o primeiro-ministro canadense assumidamente sabendo, mostra o que a palavra dessa gente está valendo.
O ânimo de sabujo de Moreno já é bem conhecido, e ele já tirou da embaixada o último diplomata que Assange conhecia, o embaixador Carlos Abad Ortiz, afastado por decreto e que estava no centro das negociações com a Grã Bretanha sobre o destino dele.
Além das denúncias dos crimes de guerra dos EUA, Assange também é odiado por ter dada a ajuda fundamental a Edward Snowden para escapar da captura pela CIA, após provar que a NSA grampeava o mundo inteiro. Quando era secretária de Estado, Hillary chegou a propor que fosse morto em um ataque de drone. Mike Pompeo, o atual titular, quando era diretor da CIA declarou o WikiLeaks um “serviço de inteligência hostil não-estatal” e “não estava protegida” pela 1ª Emenda.
Segundo o ex-agente da CIA John Kiriakou, que ficou preso por 23 meses por denunciar a tortura do ‘waterboarding’, advertiu que os EUA se preparam para levar Assange “acorrentado” para os EUA. Entidades de defesa das liberdades democráticas e personalidades intensificaram os alertas sobre a iminente entrega de Assange. A ONU declarou Assange vítima de perseguição e cativeiro injustificado.
A principal entidade de defesa das liberdades democráticas nos EUA, a ACLU, advertiu que “qualquer acusação de Assange pelas ações de publicação do WikiLeaks seria sem precedentes e inconstitucional, e abriria as portas para investigações criminais de outras organizações noticiosas”. Como destacaram analistas, não há qualquer diferença entre a publicação pelo New York Times dos Papeis do Pentágono, ou do vídeo do “Assassinato Colateral” no Iraque, entregue pelo soldado Manning e divulgado por Assange.