O ex-presidente da Petrobrás e do Banco do Brasil Aldemir Bendine foi condenado, na quarta-feira (7), a 11 anos de prisão pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro. Ele foi acusado pela força-tarefa da Operação Lava Jato de receber R$ 3 milhões em propina da Odebrecht, para facilitar contratos entre a empreiteira e a estatal.
O juiz Sérgio Moro, responsável pelos processos da Lava Jato na primeira instância, determinou o início do cumprimento da pena em regime fechado. Segundo a decisão, a progressão do regime fica condicionada à devolução do “produto do crime”.
Bendine assumiu a presidência do Banco do Brasil em abril de 2009, a convite do ex- presidente Lula. Ficou no cargo até fevereiro de 2015, quando foi indicado por Dilma Rousseff para a presidência da Petrobrás, onde permaneceu até maio de 2016.
O homem de confiança da então presidente, “o doutor Bendine”, foi escolhido pelo “desempenho no Banco do Brasil, que era um elemento, para mim, bastante valioso”, disse Dilma em depoimento a Moro, como testemunha de defesa de Bendine, em outubro do ano passado.
Bendine está preso desde julho de 2017, quando foi deflagrada a 42ª fase da operação, denominada “Cobra”. O executivo foi citado no acordo de colaboração premiada do empreiteiro Marcelo Odebrecht como um dos beneficiários de pagamento de vantagens indevidas.
Único ex-presidente da Petrobrás que virou alvo de processo na Operação Lava Jato, Bendine foi denunciado pelo Ministério Público Federal (MPF) pelos crimes de corrupção ativa e passiva e lavagem de dinheiro. Também é acusado de tentar embaraçar as investigações. Além dos depoimentos de ex-executivos da empreiteira, e-mails enviados por ele a dirigentes da Odebrecht reforçaram a denúncia.
De acordo com a força-tarefa, os crimes ocorreram de 2014 a 2017. Em 2015, ele deixou o BB com a missão de acabar com a corrupção na petroleira, alvo da Lava Jato. Mas, segundo colaboradores da Odebrecht, já cobrava propina no banco e continuou cobrando na Petrobrás.
Quando comandava o Banco do Brasil, Bendine pediu R$ 17 milhões à Odebrecht para rolar uma dívida da empresa com a instituição. O valor não chegou a ser pago, porque a empresa avaliou que ele não teria capacidade de influenciar no contrato.
“O condenado assumiu o cargo de presidente da Petrobras em meio a um escândalo de corrupção e com a expectativa de que solucionasse os problemas existentes. O último comportamento que dele se esperava era corromper-se, colocando em risco mais uma vez a reputação da empresa”, escreveu Moro na sentença.