
Bolsonaro está levando o ministro da Justiça, Sérgio Moro, ao desgaste com o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ).
Na madrugada da quarta-feira (20), Moro enviou mensagens ao presidente da Câmara cobrando que Maia acelerasse o projeto anticrime apresentado ao Congresso em fevereiro pelo ministro. Ele ainda acusou Maia de descumprir um acordo.
Foi a segunda vez que Moro cobrou Maia em menos de uma semana sobre o mesmo assunto. A primeira pressão foi feita no sábado (16) quando Rodrigo Maia recebeu, na residência oficial da Câmara para um churrasco, Moro, Davi Alcolumbre, presidente do Senado, e Dias Toffoli, presidente do Supremo Tribunal Federal (STF).
A cobrança fora do tom irritou o presidente da Câmara. Maia disse que Moro estava “confundindo as bolas” e que ele era um “funcionário do Bolsonaro”. A aliados, Rodrigo Maia disse que não descumpriu nenhum acordo e que o que foi combinado com o Planalto foi priorizar a reforma da Previdência e depois o projeto de Moro.
Na quarta-feira à noite, já bastante irritado com as cobranças, o presidente da Câmara foi questionado se o ministro da Justiça estava se intrometendo em assunto da Câmara. “O funcionário do presidente Bolsonaro? Ele conversa com o presidente Bolsonaro e, se o presidente Bolsonaro quiser, ele conversa comigo. Eu fiz aquilo que eu acho correto [sobre a proposta de Moro]. O projeto é importante, aliás, ele está copiando o projeto direto do ministro Alexandre de Moraes. É um copia e cola. Não tem nenhuma novidade, poucas novidades no projeto dele”, disse Rodrigo Maia.
O projeto que Moro enviou contém pontos positivos, como a prisão após condenação em segunda instância, criminalização das milícias como organizações criminosas, entre outros pontos. Mas ficou desfigurado ao retirar dele a criminalização do caixa 2.
Além disso, ele fez, infelizmente, concessões para agradar a Família Bolsonaro e seu entorno ao tornar impuníveis os “excessos puníveis”: “O juiz poderá reduzir a pena até a metade ou deixar de aplicá-la se o excesso decorrer de escusável medo, surpresa ou violenta emoção”. Essa formulação no projeto cabe como uma luva para o comportamento de milícia dentro da polícia, que quer licença para matar indiscriminadamente.
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