A Polícia Federal notificou o ex-ministro da Justiça, Sérgio Moro, para depor, como testemunha, no inquérito que investiga a organização das manifestações golpistas pelo fechamento do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Congresso Nacional.
O testemunho de Moro, que está marcado para o dia 2 de outubro, acontecerá somente “em razão de ele ter ocupado, à época dos fatos, a titularidade do Ministério da Justiça e Segurança Pública”, disse em nota o advogado do ex-ministro.
Nota da defesa de Sérgio Moro:
“Nesta 6ª feira (18/9), a defesa do ex-ministro Sergio Moro recebeu intimação para que ele preste depoimento, na condição de testemunha, no âmbito do inquérito 4828, que tramita no Supremo Tribunal Federal (STF). A oitiva é motivada em razão de ele ter ocupado, à época dos fatos, a titularidade do Ministério da Justiça e Segurança Pública. O depoimento deve ocorrer em 2 de outubro, às 13h, na Superintendência da Polícia Federal (PF) em Curitiba.”
Rodrigo Sánchez Rios, advogado de Sergio Moro
Jair Bolsonaro e seus ministros chegaram a participar pessoalmente de algumas das manifestações antidemocráticas.
A Polícia Federal apura indícios de que o governo federal financiou pessoas e páginas na internet ligadas à divulgação de atos pró-ditadura, contra o Congresso Nacional e contra o Supremo Tribunal Federal (STF).
Seus filhos, o vereador Carlos Bolsonaro e o deputado federal Eduardo Bolsonaro, também foram intimados a depor.
Carlos, que foi ouvido no dia 10 de setembro. Questionado, ele disse que não é “covarde ou canalha” para utilizar “robôs” para defender suas posições na internet. Eduardo será ouvido na terça-feira (22).
O relator do inquérito, ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), afirmou, em junho, que as investigações da Procuradoria-Geral da República (PGR) apontam a ‘real possibilidade’ de atuação de associação criminosa voltada para a ‘desestabilização do regime democrático’ com o objetivo de obter ganhos econômicos e políticos. A observação consta em decisão de quebra de sigilo decretada pelo ministro no inquérito que apura o financiamento de atos antidemocráticos.
“Os indícios apresentados na manifestação apresentada pela Procuradoria-Geral da República confirmam a real possibilidade de existência de uma associação criminosa”, escreveu Moraes, em decisão que autorizou buscas e apreensões contra apoiadores do governo.
A deputada Carla Zambelli (PSL-SP) também foi intimada pela PF para depor no inquérito.
Ela disse que não enxerga “ameaças à democracia” nas manifestações que pediam o fechamento do Congresso e do STF e um novo Ai-5, ferramenta de repressão da ditadura militar.