Morre Dick Cheney peça chave da criminosa invasão ao Iraque

Criminoso de guerra, Dick Cheney (4 News)

Dick Cheney, o principal arquiteto da invasão do Iraque e do Afeganistão pelos EUA, assim como da “guerra ao terror”, que matou milhões de pessoas e deslocou outras tantas, e amplamente visto como um dos mais desapiedados criminosos de guerra da história, morreu aos 84 anos, segundo anúncio feito pela família em um comunicado na terça-feira (4). Ele também foi executivo-chefe da Halliburton, do setor do petróleo.

Como vice de George W. Bush, ele se tornou a peça chave daqueles tempos dos quais o guru Karl Rove dizia: “Somos um império agora. E, quando agimos, criamos nossa própria realidade. Enquanto vocês estudam essa realidade – judiciosamente, como queiram -, nós agimos de novo, criando outras novas realidades, que vocês podem igualmente estudar. É assim que as coisas se passam. Nós somos os atores da história. E a vocês, vocês todos, só resta estudar o que fazemos.”

Cheney foi então tido como o mais poderoso vice-presidente da história dos EUA. Antes, como chefe do Pentágono de Bush Pai, Cheney havia encabeçado as operações de invasão do Panamá e a Guerra do Golfo de 1991, outros crimes de guerra.

Cheney também foi um dos alicerces da instauração da tortura como política oficial dos EUA sob o pretexto do combate ao terror, assim como do assalto aos direitos constitucionais consagrado no famigerado Ato (In) Patriótico, que abriria caminho para figuras como Trump.

Também foi com ele como chefe do Pentágono que se deu a execução do presidente iraquiano Sadam Hussein e o escândalo de Abu Graib, assim como as operações de atentados em mesquitas usados para dividir a resistência iraquiana.

Foi com ele como chefe do Pentágono que W. Bush iniciou a demolição da arquitetura internacional de controle das armas nucleares, com a retirada unilateral dos EUA do Tratado ABM (Antimíssil), em 2002.

Sobre o caráter de criminoso de guerra de Cheney, em 2003 o general Wesley Clark, ex-comandante das forças da Otan, relatou como, usando como pretexto o atentado 11 de setembro, foi sendo tecida a conspiração para desencadear a guerra ao Iraque e outros seis países muçulmanos, a “guerra ao terror”, que custaria trilhões aos cofres dos EUA, incontáveis vítimas, países destruídos e flagrante violação da lei internacional.

“Tomamos a decisão: vamos para a guerra com o Iraque“, foi dito a Clark no Pentágono. “Porquê?”, ele retrucou. “Não sei. Se calhar eles não sabem o que fazer mais”, foi a resposta que recebeu, apesar de não existirem quaisquer provas de mão iraquiana no 11 de setembro.

E Clark insistiu: “será que encontraram informação que liga o Sudão à Al-Qaeda?”. A resposta surpreenderia ainda mais o general. “Não, não há nada de novo nesse sentido. Simplesmente tomaram a decisão. Não sabemos o que fazer em relação aos terroristas, mas temos um bom exército e podemos derrubar governos“, recordou.

Três semanas depois da conversa informal, o mesmo oficial entregou a Clark um memorando descrevendo como os EUA iriam derrubar sete países em cinco anos. “Começava no Iraque, e depois Síria, Líbano, Líbia, Somália, Sudão e, a terminar, Irã”, relatou Clark em uma entrevista e em um livro de reflexões.

O frenesi belicista e a ganância, na crença no “fim da história” e no poder sem limites pós-dissolução da União Soviética, empurraram os EUA para o pântano e, ao final e ao cabo, diante da resistência, corroeram o império norte-americano a ponto de chegar, agora, aos tempos de MAGA.

Como disse o ex-presidente Carter certa vez a Trump, tentando explicar os novos tempos, enquanto os EUA faziam guerra, a China construía e comerciava.

A família de Cheney disse que ele morreu “devido a complicações de pneumonia e doenças cardíacas e vasculares” e – acrescentaríamos – sem ser levado às barras de um possível Tribunal de Nuremberg-2.

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