A música brasileira perdeu uma de suas grandes intérpretes com o falecimento de Maricenne Costa, ocorrido na última sexta-feira, aos 89 anos. Natural de Cruzeiro (SP), pequena cidade do Vale do Paraíba, Maria Ignez Senne Costa, depois Maricenne na cena musical, morreu aos 89 anos, em São Caetano do Sul (SP), após travar batalha contra a doença de Alzheimer.
A artista destacou-se por sua voz expressiva e sua capacidade de conectar-se com o público. Com uma carreira que abrangeu décadas, ela deixou uma contribuição significativa para a música popular brasileira.
Maricenne iniciou sua trajetória musical ainda na juventude, influenciada pela diversidade cultural e pelos ritmos do Brasil. Sua dedicação à música levou-a a se apresentar em diversas casas de shows, onde rapidamente conquistou o público com suas interpretações de clássicos da música popular brasileira e composições próprias. Era reconhecida por sua habilidade em mesclar diferentes gêneros musicais, o que trouxe uma nova sonoridade ao seu trabalho.
Durante sua carreira, lançou grandes álbuns de estúdio, todos bem recebidos pela crítica e pelo público. Entre suas canções mais conhecidas, “Caminho do Coração” e “Dança da Vida” tornaram-se populares em festivais e rádios de todo o país. Sua música abordava temas universais, como amor, resistência e esperança, estabelecendo uma interação profunda com as vivências de muitos brasileiros.
Além da música, Maricenne também se destacou como ativista social. Ela utilizou sua plataforma para promover causas relevantes, como a igualdade de gênero e os direitos das minorias. Suas apresentações frequentemente incluíam mensagens de emancipação e solidariedade, consolidando sua posição não apenas como artista, mas também como defensora de temas sociais.
Sua carreira começou oficialmente em 1958, ao vencer o concurso “A voz de ouro do Brasil”, da TV Tupi. Em seguida, lançou um single com canções como “Quem sou eu”, de Dolores Duran, e “O amor morre no olhar”, de Guerra Peixe e Jair Amorim. Integrante da vertente paulista da Bossa Nova, a cantora era admirada, inclusive, por João Gilberto. Ao escutá-la cantar, em 1962, o músico declarou: “Sua voz tem cores, Mariccene. Não cale nunca essa voz colorida”.
Outro notório feito dessa cantora é que foi a primeira gravar uma música do então novato Chico Buarque, em 1965: “Marcha para um dia de sol”.
Mariccene também representou a Bossa Nova nos Estados Unidos e em Portugal. Inclusive, em solo norte-americano fez uma turnê com o pianista, organista, arranjador e compositor Walder Wanderley.
Além da música, ela também se destacou no teatro, convivendo com artistas como Myriam Muniz, Ricardo Blat e Marcos Caruso. Mariccene acreditava que não tinha ficado tão conhecida na música por ter se dividido entre as duas artes.
Em 2014, o álbum “Como Tem Passado”, lançado pela gravadora CPC-UMES, que pode ser ouvido no link abaixo:
Sua vida e obra foram registradas no livro “Maricenne Costa – A Cantora da Voz Colorida”, escrito por sua irmã Elisabeth e lançado em 2022.
“(Mariccene) era uma luz que iluminava todos ao seu redor. Sua música viverá eternamente em nossos corações”, afirmou um amigo próximo.