
Na madrugada deste domingo (13), o historiador e membro da Academia Brasileira de Letras (ABL), José Murilo de Carvalho, morreu no Rio de Janeiro. Ele tinha 83 anos e estava internado no Hospital Samaritano com Covid-19.
Considerado um dos maiores historiadores e intelectuais brasileiros, autor de 19 livros, José Murilo era mineiro, bacharel em sociologia e política pela UFMG e mestre em ciência política pela Universidade de Stanford, na Califórnia, onde defendeu tese sobre o Império Brasileiro.
Foi professor e pesquisador visitante nas universidades de Oxford, Leiden, Stanford, Irvine, Londres, Notre Dame, no Instituto de Estudos Avançados de Princeton, e na Fundação Ortega y Gasset, em Madrid.
“Um dos grandes intérpretes do Brasil. Renovou a historiografia a partir da segunda metade do século 20, com livros fundamentais, que ocupam espaço assegurado e nasceram clássicos”, disse Marco Lucchesi, presidente da Fundação Biblioteca Nacional e membro da ABL, em vídeo publicado neste domingo.
Carvalho escreveu obras como “A formação das almas”, “Os bestializados”, “Forças Armadas e política no Brasil”, “A cidadania do Brasil” e a biografia “D. Pedro II”.
O velório será às 9h desta segunda-feira (14) na ABL, no Centro do Rio. Em seguida, às 13h, o corpo do historiador será enterrado no mausoléu da ABL, no Cemitério São João Batista, em Botafogo, na Zona Sul.
“José Murilo de Carvalho era dos nossos maiores historiadores, que explicou nosso passado desde o Império e, a partir desse conhecimento, analisava a política brasileira recente com requintes históricos que ajudavam a antever o futuro, do qual se desiludiu nos últimos anos”, disse Merval Pereira, presidente da ABL, em comunicado da Academia.
Em uma entrevista ao jornal Estado de S.Paulo em setembro de 2022, o historiador falou sobre o bicentenário da Independência. Ele fez uma análise desanimada da conjuntura do país, que nas suas palavras ainda não tem um “projeto de nação”.
“A grandeza não passou de sonhos. Destruímos nosso paraíso terrestre. […] O sonho de grandeza desvaneceu, não se transformou em política de Estado a ser implementada independentemente da mudança de governo”, disse José Murilo de Carvalho em entrevista.