Condenado 13 vezes à prisão perpétua por crimes de lesa-humanidade cometidos durante a última ditadura militar argentina, morreu na última terça-feira o general Luciano Benjamín Menéndez, culpado pela desaparição forçada de 282 pessoas – entre elas uma criança de dez anos – de 52 homicídios, 260 sequestros e 656 casos de tortura, além de estupros e roubos de bebês.
Durante a ditadura, a “Hiena” comandou o Terceiro Corpo do Exército, de onde dirigiu em 238 centros de tortura a repressão aos democratas em dez províncias, tendo sob sua responsabilidade vários centros clandestinos de extermínio, como o de Córdoba e o de La Perla, o maior do interior do país.
Foi o responsável pelo chamado “pacto de sangue”, por meio do qual todos os oficiais participavam das execuções, e de ser um dos principais apoiadores do “Comando Libertadores de América”, grupo terrorista de ultra-direita similar à Triple A, formada por militares, policiais e civis.
Entre outros crimes, Menéndez é acusado de ser o responsável pela morte do guerrilheiro Mariano Pujadas na base naval Almirante Zar, em agosto de 1975, e o sequestro e assassinato, três anos depois, de seus pais e irmãos. Os corpos foram jogados em um poço, explodidos com dinamite.
Treinado na base militar de Fort Lee, nos EUA, e aluno aplicado da “escola francesa”, que popularizou no país as práticas de tortura praticadas pelo exército deste país na guerra de independência da Argélia, Menéndez era um psicopata que tinha prazer em participar pessoalmente das sevícias. Em seu currículo encontra-se ainda a queima de livros e o assassinato do bista de La Rioja, monsenhor Enrique Angelelli.
“Nossos inimigos foram os terroristas marxistas. Jamais perseguimos a ninguém por suas idéias políticas”, declarou Menéndez, antes de ser sentenciado à prisão perpétua junto ao ditador Jorge Rafael Videla, em 2010, pelos fuzilamentos de presos políticos em Córdoba.