Faleceu na manhã deste sábado (04) o cartunista Paulo Caruso, de 73 anos, em decorrência de um câncer de intestino. Suas charges e caricaturas foram marcadas pela sátira e referência para a história política do País.
Nascido em São Paulo, Paulo José de Hespanha Caruso era irmão gêmeo do também chargista Chico Caruso. Cursou arquitetura na USP, mas não exerceu a profissão.
A ironia e acidez eram acompanhadas do humor. Publicou também em veículos lendários da imprensa alternativa, como O Pasquim, Movimento, entre outros. Foi também responsável, por anos, por uma página da revista Isto É.
Caruso, desde a estreia do programa, nos anos 1980, integrou a bancada do Roda Viva, da TV Cultura. Suas charges acompanhavam as reações dos entrevistados do programa, um dos mais longevos da televisão brasileira.
Ele fez circular caricaturas de personalidades brasileiras das décadas de 1980 e 1990, sintetizando com sátira e humor vários momentos da história política do País.
Recebeu vários prêmios, como o de melhor desenhista, pela Associação Paulista dos Críticos de Arte (APCA), em 1994.
Caruso também enveredou pelos caminhos dos quadrinhos. Iniciou sua carreira desenhando HQ na revista experimental Balão, com Chico, Angeli, Laerte e Luiz Gê.
Em 1983, publicou o álbum Capitão Bandeira, reunindo histórias da contracultura. Colaborou para os principais jornais e revistas do País, mas foi na IstoÉ, por mais de 25 anos, que manteve a página “Avenida Brasil” e seu trabalho se tornou mais conhecido. Unindo a temática das charges com a linguagem dos quadrinhos, essa página passou depois para o Jornal do Brasil e algumas de suas edições foram reunidas em livro.
Em 1985, como pianista, montou a Muda Brasil Tancredo Jazz Band, composta de desenhistas-músicos e, assim, iniciou, com o irmão, Chico, uma carreira de paródias musicais que dura até hoje, com a banda Conjunto Nacional.
Foi premiado em 1997 no Salão Carioca de Humor da Casa de Cultura Laura Alvim e no Salão Internacional do Desenho de Imprensa em Porto Alegre.
Em 1990, organizou para o Memorial da América Latina em São Paulo o 1º Encontro Brasil x Argentina de Humor, que contou com a participação dos mais influentes artistas do gênero entre os dois países. Em 2002 lançou a coletânea de charges publicadas pela Folha de S.Paulo sobre a corrida presidencial, intitulada Grande Prêmio Brasil – No Galope do Ibope. Em 2003 lançou pela Imprensa Oficial do Estado a cartilha ilustrada sobre o novo código civil brasileiro e o livro Piracicaba – 30 anos de Humor, contando a história do mais antigo e festejado salão de humor do país. Em 2003, lançou o livro de textos e desenhos sobre a cidade intitulado São Paulo por Paulo Caruso, ganhador do troféu HQ MIX desse ano.
“Com suas caricaturas e charges, Caruso faz parte da história política e social do Brasil”, destacou em nota a Fundação Padre Anchieta, gestora da TV Cultura, onde o Roda Viva é veiculado.
A morte de Caruso foi lamentada por autoridades brasileiras e amigos na internet.
Laerte uma das lendas da charge brasileira publicou uma homenagem a Caruso em suas redes sociais, chamando o colega de “grande herói do quadrinho brasileiro”.
Nas redes sociais, o presidente Lula também lamentou a partida de Caruso.
“Paulo Caruso foi um grande desenhista e cronista político, com uma criatividade inesgotável, retratou com talento e consciência o dia-a-dia que constrói nossa história recente. O seu traço veloz e seu humor já são parte da memória nacional”, disse Lula.
Em nota oficial da Presidência, Lula afirma que o cartunista colaborou pela democracia brasileira com sua arte, que ilustrava entrevistas do programa Roda Viva. “Caruso contribuiu com seu talento na luta pela democracia e por um país com direito à liberdade de expressão. Meus sentimentos ao seu irmão, Chico, aos seus familiares, amigos e admiradores.”
HQ de Caruso sobre a fundação de “O Pasquim”:
Veja a repercussão a morte de Paulo Caruso: