Policiais militares baianos revidaram um ataque do soldado Weslei Soares que, em um surto, disparou tiros de fuzil na noite do domingo (28) no Farol da Barra, em Salvador. De acordo com a Secretaria de Segurança Pública da Bahia (SSP-BA), o policial que realizou o ataque apresentava descontrole emocional quando começou a efetuar disparos.
Equipes do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) tentaram negociar com o policial por 3 horas e meia, mas o homem acabou atingido por tiros depois de disparar cerca de dez tiros com fuzil contra os policiais.
Segundo o major Cledson Conceição, comandante do grupamento do Bope que atuava na operação, os disparos foram uma reação à ação do PM que atirou contra os colegas de farda.
“Infelizmente, a atuação da tropa não foi uma situação confortável. Aqueles foram disparos de reação, e quando ocorrerem as investigações, isso vai ser entendido de uma melhor forma”, explicou o comandante, durante entrevista coletiva nesta segunda-feira (29).
Um vídeo da TV Aratu mostra o momento em que Weslei Soares atira contra os policiais do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope), que se abrigam atrás de uma viatura. Em seguida, ouve-se outros disparos e os policiais vão em direção ao local onde estava o soldado.
Veja:
Ainda segundo ele, os policiais também usaram armamentos não-letais durante a ação, como balas de borracha e granadas de efeito moral, mas não foi o suficiente para conter a ação do policial. “A nossa equipe está sempre procurando utilizar os recursos disponíveis em nível de força, sempre elevando o nível de força a depender da resposta que a tropa seja recebida. No primeiro momento, quando ele iniciou os primeiros disparos, a nossa célula utilizou munição de elastômero e granadas”, detalhou.
Ele explicou ainda que a negociação que começou durante a tarde e durou até a noite foi baseada na tentativa de “trazer o policial à realidade”. “A nossa linha de reação era tentar trazer ele para a realidade. O nosso negociador estava trabalhando nessa linha, mas em nenhum momento houve esse retorno. Nesse tipo de situação de força inepta, sempre há a possibilidade de outros desdobramentos acontecerem e infelizmente o resultado foi aquele”, finalizou.
A Polícia Militar ainda não sabe o que motivou o “surto psicótico” do PM, que bloqueou por quatro horas a frente do Farol da Barra.
Em entrevista coletiva na manhã desta segunda-feira (29), o comandante da PM, coronel Paulo Coutinho, afirmou que não há conhecimento de nenhuma situação que pudesse ter motivado a situação no Farol da Barra. “Estamos todos surpresos e atônitos com o que aconteceu”, disse o comandante baiano.
Ainda de acordo com ele, Weslei morava com a irmã e tinha terminado um relacionamento amoroso há pouco tempo, mas de forma amigável.
O coronel disse ainda que está em contato com a família do policial desde o início das negociações e que os familiares chegaram a vir para Salvador, mas que não houve tempo para que eles chegassem até o Farol da Barra. “Reforço nosso cumprimento institucional à família. Estamos desde o primeiro momento em contato permanente e dando suporte total”, afirmou.
‘SURTO’
Weslei Soares era integrante da 72ª Companhia Independente de Polícia Militar (CIPM), de Itacaré, no sul da Bahia, e chegou à capital baiana na manhã de domingo.
Segundo testemunhas, os primeiros disparos de fuzil de Weslei aconteceram na Avenida Centenário, próximo ao 5º Centro de Saúde Clementino Fraga. A perseguição policial teve início no local até chegar ao Farol da Barra, por volta das 14h. Lá, Wesley desceu do próprio carro com um fuzil à mão. Pouco depois, começou a efetuar os disparos.
Ao chegar ao Farol, ele pintou o rosto de verde, entoou palavras de ordem e disparou dezenas de vezes. O policial militar ainda jogou no mar bicicletas e itens de vendedores ambulantes que trabalhavam no local.
Diversas equipes foram mobilizadas para conter o suspeito e isolar as ruas que davam acesso ao Farol. Além do Batalhão de Operações Policiais Especiais, foram enviadas equipes do Batalhão de Choque, Esquadrão Águia e da 11ª CIPM.