Alexander Shulgin, representante permanente da Rússia na OPAQ (organização da ONU de fiscalização das armas químicas), afirmou que a posição de Moscou sobre o “incidente de Salisbury” é clara: “Defendemos uma investigação abrangente, aberta e imparcial”. Ele advertiu ainda que, se for negado aos especialistas russos o direito de participar da investigação da OPAQ, Moscou rejeitará suas conclusões, apesar dos resultados.
“É por isso que convocamos uma extraordinária sessão especial da organização em 4 de abril. Estamos fazendo mais uma tentativa de tirar a situação do impasse, onde os britânicos a lançaram”, apontou o representante russo. No dia 4, o ex-agente duplo Sergei Skripal, e sua filha Yulia, em visita ao pai na Inglaterra, foram encontrados em estado crítico segundo o governo May.
A Rússia também enviou uma carta com 13 perguntas análoga aos questionamentos já entregues a Londres e a Paris sobre o caso Skripal.
“O que exatamente a Grã-Bretanha está pedindo à Secretaria Técnica da OPAQ para confirmar: somente o fato de que um agente nervoso foi usado ou que pertence ao tipo ‘Novichok’ sob a classificação ocidental?”, lê-se em uma das perguntas.
Moscou indagou ainda que tipo de amostras e outras evidências foram entregues pelos britânicos e se a Secretaria Técnica tem planos de compartilhar suas informações com o Conselho Executivo do órgão, do qual a Rússia é membro.
Também deseja saber quem eram os líderes e membros da equipe que foi à Inglaterra, quanto tempo ficaram e com quem interagiram.
A carta pergunta ainda se o princípio básico da Convenção de Armas Químicas (a chamada “cadeia de custódia”) foi respeitado. Esse princípio estabelece documentação cronológica da ordem na qual as amostras, dados e registros são tratados pelas várias partes envolvidas em uma investigação. A Rússia também quer saber quais serão os laboratórios da OPAQ que irão analisar as amostras trazidas do Reino Unido.
A Rússia solicitou à OPAQ que explique o envolvimento da França na investigação do caso Skripal, que foi um crime envolvendo cidadãos russos em solo britânico, sem efeito aparente nos interesses franceses. Moscou também está se perguntando se a França havia notificado a OPAQ que o Reino Unido pediu para se juntar à investigação.