A Rússia reagiu ao anúncio do envio de mais 1000 soldados norte-americanos para a Polônia, ao assim chamado ‘Forte Trump’, e da implantação de uma base norte-americana de drones, afirmando que a medida atenta contra a estabilidade da Europa, viola a Ata Fundamental das Relações Rússia-Otan e cria “novo fator de tensão política e militar na Europa”. O anúncio foi feito na Casa Branca durante a visita do presidente polonês Andrzej Duda ao presidente Donald Trump, a quem oferecera, há um ano, o “Forte Trump”, com tudo pago por Varsóvia.
Movimento que, segundo o vice-ministro das Relações Exteriores, Sergei Ryabkov, reflete “as intenções agressivas” de Washington. “As forças armadas russas estão acompanhando esses anúncios muito de perto, estão analisando as informações e estão fazendo o que é necessário para que tais medidas não ameacem a segurança da Federação Russa”, afirmou o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov. Em resumo, a sabujice e russiofobia do presidente polonês Duda estão pintando um grande X de alvo em solo polonês para os mísseis hipersônicos de defesa russos.
“Pela primeira vez se cria uma situação na qual, partindo dos acordos bilaterais com um aliado ‘privilegiado’, os EUA vão contra os compromissos, assumidos no marco da Otan”, adverte o comunicado russo, acrescentando que a Ata Rússia-Otan de 1997 era um dos poucos documentos ainda vigentes destinados a “garantir a estabilidade militar na Europa”. A Ata proíbe a instalação permanente de forças militares nas ex-repúblicas socialistas da Europa Oriental, como uma garantia de segurança à Rússia – aquelas garantias que enchiam os olhos do bebum Yeltsin e os bolsos dos oligarcas.
DUDA & TRUMP
Na Casa Branca, o presidente Duda se sentiu, como dizem os mangueirenses, tipo pinto no lixo. Enternecido, ouviu Trump dizer que a Polônia “fornecerá em breve bases e infra-estrutura para apoiar a presença militar de cerca de mil soldados americanos” e “sem nenhum custo para os Estados Unidos”. Declaração a que Duda acrescentou que “haverá mais tropas americanas na Polônia, e será uma cooperação reforçada, será uma presença duradoura, que, esperamos, aumentará gradualmente em termos de número de tropas e também em termos de infra-estrutura”.
O obsequioso Duda também acertou a ampliação da compra de gás de fracking liquefeito norte-americano, mais caro que o gás russo, mais que dobrando as compras polonesas, para US$ 8 bilhões, e se prontificou a comprar caças 32 F-35 no lugar da Turquia. Em contrapartida, o magnânimo Trump prometeu para breve a liberação de vistos para os turistas poloneses.
O governo polonês também planeja transformar o país no principal centro de entrega de gás de fracking liquefeito na Europa e já concluiu vários contratos de longo prazo com a US Cheniere Marketing International, a Port Arthur LNG e a American Venture Global LNG. Em 2022, se encerra o contrato em vigor com a Gazprom, de fornecimento através do gasoduto Yamal, via Bielo-Rússia. Como asseverou a embaixadora norte-americana em Varsóvia, Georgette Mosbacher, “a Polônia se tornará o centro de reexportação” do GNL americano na Europa Oriental.