O ministro russo de Assuntos Exteriores, Serguei Lavrov, defendeu o diálogo com participação do grupo Talibã, o governo do Afeganistão e a sociedade civil afegão, juntamente com o combate contra o movimento terrorista Daesh (o autoproclamado Estado Islâmico). “A Rússia busca criar as condições propícias para um diálogo de todas as partes da sociedade”, afirmou ao abrir as sessões da II Reunião de Moscou sobre as conversas para buscar a paz, realizada nos dias 9 e 10 de novembro.
“É a primeira vez que uma delegação do Birô político Talibã, com sede em Doha, no Qatar, participa em discussões deste nível”, assinalou. “A tarefa da Rússia, como organizador desta sessão, consiste em levar à mesa de negociações os sócios e amigos regionais do Afeganistão, além de oferecer um apoio mundial para um diálogo construtivo entre afegãos”, destacou Lavrov.
O ministro russo afirmou que os problemas desse país podem ser resolvidos unicamente por meios políticos, assim como “mediante a conquista de um consenso nacional” e “a participação de todas as partes em conflito”. O chanceler acrescentou que Moscou advoga pela preservação do Afeganistão como um país unido e indivisível.
Lavrov disse ainda que o grupo terrorista Daesh está tratando de “transformar o Afeganistão em trampolim de sua expansão na Ásia Central”, assinalando que a Rússia está pronta para fazer tudo o que for possível para “ajudar os afegãos a deter esses planos e erradicar a ameaça terrorista”, segundo informou a agência TASS.
Assistiram também à conferência diplomatas e vice-ministros de Exteriores do Paquistão, Índia, China, Irã, EUA e alguns outros países da Ásia Central. Apesar de que o movimento talibã é fortemente questionado na Rússia, Moscou há tempo busca o diálogo com ele como único meio de possibilitar um acordo de paz. As autoridades russas ressaltaram que esta conferência, que finalizou no sábado, 10, teve caráter exclusivamente consultivo e, por isso, não houve acordos nem declaração final.
Os talibãs e o governo afegão realizaram sua primeira e única reunião em julho de 2015, mas os esforços de aproximação se frustraram. Também fracassaram o denominado Grupo dos Quatro (Afeganistão, EUA, Paquistão e China) e as anteriores reuniões a seis partes organizadas pela Rússia.
O porta-voz dos talibãs, Mohamad Abas Stanikzai, considerou que a crise afegã tem duas dimensões: uma interna e outra externa. Mas a questão central é a ocupação norte-americana. “O nosso principal objetivo é acabar com a ocupação norte-americana que já dura 17 anos”.
As negociações começam a avançar com os feitos da guerrilha que tem colocado na defensiva os invasores e o exército militar montado sob sua supervisão em apoio ao governo de sustentação da invasão.
“Se os problemas da dimensão externa se resolvem, também poderemos solucionar a interna, incluídos temas tais como a Constituição, direitos humanos, direitos da mulher, drogas e todos os problemas internos”, disse em referencia à presença de tropas estadunidenses na região. Finalmente afirmou que tem boas expectativas acerca da próxima reunião no formato da agora realizada em Moscou.