Ivanildo Gonçalves disse à CPI que em uma das ocasiões entregou um pen drive. Comissão investiga se ex-diretor da pasta recebeu dinheiro para favorecer a empresa em contrato com o ministério
O motoboy Ivanildo Gonçalves da Silva visitou o Ministério da Saúde em ao menos duas ocasiões em 2020: em 12 de julho e 7 de dezembro. Ele foi ao DLog (Departamento de Logística) do Ministério, segundo o registro da portaria do prédio, na Esplanada dos Ministérios.
Em depoimento à CPI da Covid-19 no Senado, nesta quarta-feira (1º), Ivanildo Silva informou, ao ser perguntado, ter feito a entrega de pen drive no 4º andar, onde fica o DLog, cujo diretor era Roberto Dias.
A relação de visitantes também aponta idas frequentes de Andreia Lima, presidente da VTCLog, ao ministério. Ela seria ouvida nesta terça-feira (31) pela CPI, mas alegou compromissos que a impediram de comparecer. Andreia fez quatro visitas ao Ministério da Saúde em 2020, todas ao DLog, revelou a CPI.
Em 2021, as visitas dobraram: foram oito ao todo, nos dias 2, 9 e 23 de março; em 12 e 23 de abril; em 13 de maio e duas vezes no dia 27 de maio. Em determinada ocasião, ela informou que visitaria Roberto Dias, então diretor de Logística, e em outras seis, disse que visitaria o “dr. Roberto”.
INVESTIGAÇÕES
Ivanildo Silva foi chamado a depor para dar informações sobre suspeitas envolvendo as relações da empresa com o ministério. A VTCLog atua na área de logística e foi selecionada pela pasta para cuidar de armazenagem e distribuição de medicamentos.
A CPI suspeita que pagamentos que o Ivanildo Silva fazia em nome da empresa eram parte de esquema irregular para favorecer a VTCLog no Ministério da Saúde.
Senadores da CPI apresentaram, na terça-feira, fotos que, segundo eles, indicam que Ivanildo fez o pagamento de ao menos quatro boletos em benefício de Roberto Dias, ex-diretor de Logística do Ministério da Saúde.
Relatório do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) indica que, ao todo, a empresa de logística teria movimentado “de forma suspeita” R$ 117 milhões nos últimos dois anos.
Ainda segundo esse relatório, o motoboy teria sacado cerca de R$ 4,7 milhões a serviço da companhia.
M. V.