Em entrevista ao jornal Valor Econômico, neste sábado (29), Hamilton Mourão, vice-presidente no governo de Jair Bolsonaro, afirmou que o governo não pode ser obrigado a destinar recursos para a educação, a saúde, a Previdência, como determina a Constituição. “Essa desvinculação teria que ser feita por emenda constitucional, porque a Constituição diz que tanto vai pra saúde, outro tanto para a educação. A Constituição foi feita na saída do que foi o período militar, quando várias corporações estavam batalhando um naco”, disse ele.
O vice quer acabar com a vinculação das verbas para a saúde e a educação porque o governo quer tirar os recursos desses setores. Ele considera que os serviços públicos são um “dragão” a consumir o orçamento do país. “Temos que domar esse dragão. Temos muito para fazer, na realidade, para desfazer. Um desmanche”, defendeu. E aí ele reclamou que é difícil fazer isso. “Tem que ser um processo de estrangulamento. E nós temos o problema do próprio funcionalismo público que a gente não consegue reduzir, porque isso mexe com as igrejinhas”, afirmou.
Mourão ridicularizou duas instituições que, segundo ele, podem atrapalhar os “planos” do governo. A primeira é o Congresso Nacional. Disse que os parlamentares não são preparados. “Não querendo jogar a população contra, mas é tentar ser mais coerente. Tem muito parlamentar ali que não entende. Você tem ali – como em qualquer grupo social – tem 30% que são realmente esclarecidos, tem 40% que é a ‘meiuca’ que vai pra onde sopra o vento, e mais 30% que não sabe nem onde é a ‘curva do A'”, atacou o vice.
A segunda instituição que Mourão ofendeu foi o STF. Segundo o vice, a Corte, “não conhece a situação do Brasil”. “A gente tem que conversar. Sentar um dia com os 11 ministros e expor para eles a situação do país. Acho que eles não conhecem”, afirmou. “Há um certo ativismo lá dentro, ora político, as simpatias políticas que alguns dos ministros têm, e às vezes uma coisa pessoal”, acrescentou.
Além de “estrangular” os serviços públicos, Mourão defendeu o ataque aos direitos dos aposentados. Ele disse que tem que aproveitar alguns tópicos da proposta de Michel Temer e mais outras que serão introduzidas por seu governo. “Não podemos partir do zero, senão não teremos o que apresentar no ano que vem”, disse. “Se a gente não conseguir levar adiante tanto a reforma da previdência como a tributária nós vamos ter muita dificuldade”, acrescentou.
O vice de Bolsonaro esclareceu que todo esse esforço para reduzir a capacidade de investimento do país, de se apoderar dos recursos da Previdência e “desmanchar” os serviços à população visa obter “a melhoria do nosso rating” diante dos credores. “Precisamos aprovar essas reformas, porque com a melhoria do nosso rating nós poderemos até emitir títulos pagando juros menores”, disse ele. Ou seja, Mourão acha que garroteando e asfixiando o Brasil, os banqueiros e rentistas vão ficar mais benevolentes.
Ele disse até que já se reuniu com alguns deles. “Recebi o Bank of America, JP Morgan. O dado que eu tenho é que existem US$ 9 trilhões no mundo sendo negativados porque não estão sendo investidos em atividade de risco, então temos que absorver alguma coisa disso”, contou. Provavelmente essa reunião foi feita para tentar agradar os bancos informando-os sobre as medidas de arrocho pretendidas.
Com os juros reais do país (descontada a inflação) muito acima dos juros praticados na grande maioria dos países, essas instituições que se reuniram com Mourão, e outras, não fazem e não farão investimentos, apenas seguirão transacionando com os títulos do Tesouro e ganhando dinheiro fácil. É uma ilusão achar que a asfixia do país trará investimentos estrangeiros. Ela trará apenas mais desemprego, mais empresas nacionais fechando, mais miséria.
Sobre a abertura comercial, primeira medida cobrada pelo assessor de segurança-nacional dos EUA, John Bolton, quando esteve com Jair Bolsonaro, Mourão admitiu que seu governo é submisso aos americanos. “Acho inegável, é que nós temos hoje um governo pró-Trump que tem uma visão pró-valores da democracia americana, que admira esses valores”, afirmou.
Ele garantiu que vai atender às exigências de “abertura” de Bolton. “Não de uma vez. Vamos ter que fazer um trabalho que tem que estar em fases, porque a nossa indústria não suporta um choque de abertura da noite para o dia. Nós vamos ter que fazer um faseamento. Numa reunião que eu tive com o pessoal da indústria eu usei um termo que era do presidente (Ernesto) Geisel (1974-1979) que dizia que era lenta, gradual e segura”, disse. Ou seja, ele quer um estrangulamento “lento, gradual e seguro”.
Perguntado, por fim, sobre as explicações do ex-assessor e motorista de Flavio Bolsonaro, Fabrício Queiroz, que disse que as movimentações atípicas identificadas pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) eram resultado de compra e venda de carros, Mourão desconversou. “Sem comentários. Hoje isso é um problema do Ministério Público do Rio de Janeiro, não tenho nada a ver com isso”, disse, encerrando a entrevista.
Não ofendeu ninguém só falou a verdade
Ele falou a verdade!
A maioria dos parlamentares que estão ali não entendem nem de política e muito menos de administração seja ela pública, e conomica e etc…
Se tornaram parlamentares porque muitos têm influência na cidade que moram e outros entraram na falcatrua!
Falei certo ou quer que eu desenho?
Deixe de ser bobo, leitor. Esse é o Congresso que Bolsonaro e Mourão elegeram. Ou será que a bancada do PSL na Câmara é composta de luminares?
Resta saber qual dos percentuais citados pelo genial, digo, General, representa a bancada bolsonarista. Vamos ter muito FEBEAPÁ. 2019 promete…