Às vésperas do 36º aniversário da prisão do ex-militante dos Panteras Negras e jornalista Mumia Abu Jamal, movimentos de solidariedade de todo o mundo denunciam os inúmeros vícios do processo, conduzido por racistas, e pressionam pela realização de um novo julgamento. Preso político mais antigo dos Estados Unidos, encarcerado em dezembro de 1981, Mumia passou 30 anos no corredor da morte.
Organizações populares, intelectuais e religiosos exigem que o Ministério Público libere todos os registros pertinentes ao caso, uma vez que é público e notório o envolvimento do juiz Ronald Castela na condenação de Mumia, com a fabricação de provas e a manipulação de testemunhas, numa flagrante violação dos direitos constitucionais do acusado. Diante do financiamento recebido pelo juiz da Ordem Fraternal da Polícia (FOP) para que realizasse uma aplicação desigual da lei, as entidades requerem que sejam apresentados aos advogados todos os registros, bem como todo e qualquer material referente ao caso.
Conforme o movimento de solidariedade, o racismo contra Mumia se torna particularmente evidente quando se atrasa a entrega de medicamentos para o tratamento da hepatite C e diabetes aguda, reflexo da criminosa negligência médica que quase o levou à morte. Embora curado da sua hepatite, ele ainda sente fortes comichões, tendo de cobrir o corpo com vaselina várias vezes ao dia e ingerir uma droga muito tóxica para minimizar a coceira. Mumia também desenvolveu neuropatia, problema muito delicado e de difícil tratamento, que afeta os nervos, o que faz com que o tratamento seja ainda mais doloroso.
Destacado militante negro antirracista, Mumia foi preso em 9 de dezembro de 1981, sob a acusação de ter assassinado, na Filadélfia, o policial Daniel Faulkner. Conforme o relato de várias testemunhas, tudo começou quando ao ver seu jovem irmão ser espancado covardemente por Faulkner, Jamal interveio em seu socorro. Um outro homem, não identificado, também se envolveu na briga, havendo muita confusão e disparos. Quando chegaram ao local, outros policiais encontraram Jamal ferido e Faulkner morto. Embora as mesmas testemunhas tenham declarado ter visto o homem não identificado fugir do local, garantindo que ele não se parecia com Jamal, nenhuma busca foi feita na hora pela polícia. Nenhuma das testemunhas de defesa foi ouvida no processo e uma delas denunciou que foi ameaçada de prisão se abrisse a boca. Outras asseguraram que a polícia os havia intimidado e ameaçado para que mudassem seu testemunho. Finalmente, o juiz que presidiu o processo, Albert Sabo, declarou publicamente seu ódio visceral a Mumia Jamal pela sua militância no Panteras Negras.