De acordo com o inquérito, o médico aplicou sete vezes um medicamento na paciente durante a cesárea
A Delegacia de Atendimento à Mulher (Deam) de São João de Meriti, no Rio de Janeiro, concluiu a investigação sobre o médico anestesista Giovanni Quintella Bezerra, de 31 anos, preso por estuprar uma paciente grávida durante a cesariana no último dia 10. Ao todo, 19 pessoas foram ouvidas e os medicamentos utilizados pelo médico foram periciados. De acordo com a distrital, o inquérito estava previsto para ser enviado ao Ministério Público do Rio (MPRJ) ainda nesta terça-feira (19). O criminoso será indiciado por estupro de vulnerável.
De acordo com o inquérito da investigação, o médico aplicou sete vezes um medicamento, que pode ter sido sedação, na paciente durante a cesárea. Além disso, ele também iniciou o estupro 50 segundos depois que o marido da vítima foi retirado do centro cirúrgico.
A perícia do laudo médico-hospitalar no material usado por Giovanni, como as gazes, deu negativo para a presença de sêmen. No entanto, o inquérito ressalta que como o material passou por diferentes recipientes antes da coleta, não foi possível garantir um resultado seguro. O inquérito também concluiu que o estupro aconteceu durante nove minutos e cinco segundos.
Há ainda outro inquérito em andamento contra Giovanni envolvendo denúncias de outras cinco pacientes. A Deam investiga também cerca de 50 casos de possíveis estupros durante o atendimento médico. Na sexta-feira (15), o MPRJ já havia denunciado o médico antes mesmo da finalização do inquérito da Polícia Civil. De acordo com a denúncia, os crimes em questão foram cometidos contra mulher grávida e “com violação do dever inerente à profissão de médico anestesiologista”. A denúncia foi aceita pelo Tribunal de Justiça do Rio (TJRJ) e Giovanni já é réu no processo.
Para preservar e resguardar a imagem da vítima, o MPRJ requereu sigilo no processo, bem como a fixação de indenização em favor da vítima, em valor não inferior a 10 salários mínimos, considerando os prejuízos de ordem moral a ela causados, em decorrência da conduta do denunciado.
Ainda de acordo com a denúncia, Giovanni Quintella Bezerra, agiu de forma livre e consciente, “com vontade de satisfazer a sua lascívia, praticou atos libidinosos diversos da conjunção carnal com a vítima, parturiente impossibilitada de oferecer resistência em razão da sedação anestésica ministrada”. O MPRJ sustenta ainda que o denunciado abusou da relação de confiança que a vítima mantinha com ele, visto que, se valendo da condição de médico anestesista, se aproveitou da autoridade/poder que exercia sobre ela, ao aplicar uma dose anormal de sedativo.
Nas maioria dos depoimentos coletados na Deam de São João de Meriti, as vítimas relataram atitudes estranhas do médico e contaram que ficaram desacordadas e dopadas durante o parto cesárea. Além disso, o anestesista também tinha o costume de pedir que os acompanhantes das pacientes saíssem do centro cirúrgico durante o procedimento. A delegada titular da delegacia que investiga o caso, Bárbara Lomba, contou que tudo indica que Giovanni usava doses de sedativo acima do necessário nas mulheres para poder estuprá-las.