O Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ) denunciou, na última segunda-feira (21), 18 pessoas que estavam na festa patrocinada pela milícia em sítio em Santa Cruz, no dia 7 de abril. Naquela madrugada polícia prendeu 159 homens na festa que, de acordo com a denúncia, era disfarçada de show musical e supostamente aberta ao público mediante pagamento de ingresso e reunia vários milicianos e seus seguranças.
O promotor Luiz Antônio Ayres aponta que os acusados constituíram e integraram uma organização criminosa com emprego de armas de fogo desde 2015, associando-se em uma estrutura ordenada e caracterizada pela divisão de tarefas, sob o comando de Wellington da Silva Braga, o “Ecko”, e “Danilo”, com o objetivo de obter vantagem indevida. A milícia autodenominada “Liga da Justiça”, praticava de infrações como posse e porte ilegal de arma de fogo, de uso permitido e restrito, e homicídios.
Além da prisão em flagrante, a denúncia do MP anexou outras provas do envolvimento do grupo com a milícia. A lista reúne pessoas já eram alvos de investigação, alguns suspeitos de atuar como armeiros, seguranças e matadores da organização. Um dos acusados produziu provas contra si ao ser filmado, no trajeto após a prisão, gritando palavras de ordem em favor da milícia.
O processo encaminhado à Justiça afirma que “a presença de homens fortemente armados nas imediações da entrada da casa de festas denota que efetivamente ocorria uma confraternização de milicianos no local, ainda que estivesse mascarada pela realização de um show musical supostamente aberto ao público mediante pagamento de ingresso”.
E detalha que ao chegar ao sítio os policiais foram recebidos por disparos de arma de fogo “efetuados por dois indivíduos que se encontravam em frente ao imóvel portando fuzis e por mais três indivíduos que estavam em um veículo estacionado nas imediações do local também portando fuzis, além de disparos provenientes do interior da casa”.
O embate com a polícia resultou na fuga e morte de quatro homens, que segundo o MP eram “seguranças” do miliciano Danilo. A polícia afirmou que após troca de tiros observaram “pessoas em fuga pelos fundos do imóvel desfazendo-se das armas de fogo que portavam, bem como outras tantas jogando ao solo e na piscina existente no local armas de fogo, celulares e chaves de veículos para tentarem escapar da situação de flagrante-delito, aproveitando-se da pouquíssima iluminação do lugar”.
A denúncia informou que foram apreendidos na festa nove fuzis, dez pistolas, cinco revólveres de calibre .38, 76 carregadores de armas de fogo de diversos calibres, 1265 munições de diversos calibres, coletes balísticos e diversas peças de vestuário tático.