
Aliado de Cláudio Castro e Bolsonaro, Jacaré comandou grupo que fraudou contratos entre as empresas e a Prefeitura de Itatiaia, no Sul Fluminense, onde era considerado “prefeito de fato”
Preso nesta quinta-feira (15) na Operação Apanthropía, do Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ), Clébio Lopes Pereira, o Jacaré (UB), é acusado de chefiar um esquema de corrupção na Prefeitura de Itatiaia, no Sul Fluminense.
Clébio Jacaré é diretor da Doctor Vip, firma subcontratada por empresas terceirizadas escolhidas para gerir unidades de saúde, como UPAs. Jacaré tenta uma vaga na Câmara dos Deputados pelo União Brasil. Ao TSE, declarou um patrimônio de quase R$ 16 milhões – um terço disso, ou R$ 5 milhões, guardado em espécie.Nas redes sociais, Clébio posta compromissos de campanha, quase sempre com correligionários uniformizados e uma pessoa vestida de Jacaré.

Na decisão da prisão, o juiz Marcelo Rubioli, titular da 1ª Vara Criminal Especializada em Crime Organizado do Tribunal de Justiça, ordenou o afastamento de seis dos dez vereadores da Câmara Municipal de Itatiaia. Jacaré foi preso em sua casa, na Barra da Tijuca, e foi levado para a 16ªDP (Barra da Tijuca).
Eles são acusados de peculato e de compor uma organização criminosa por assumir ilegalmente o controle da Prefeitura local e promover uma farra com os recursos públicos por intermédio de nomeação de funcionários fantasmas e de contratações fraudulentas. O Gaeco suspeita que o mesmo grupo, originário da Baixada Fluminense, deu esse golpe em outras prefeituras fluminenses, arrendando-as dos líderes políticos locais.
Candidato pelo partido União Brasil, Clébio Jacaré é apontado como um dos mais atuantes lobistas do Estado do Rio, com negócios suspeitos especialmente na área de Saúde. Em 2020, seu nome apareceu nas investigações da Operação Favorito – que levaria à queda do governador Wilson Witzel – associado a dois empresários presos na ocasião por venderem máscaras ao estado a preços superfaturados. Um deles teria subcontratado uma empresa do grupo de Clébio para aplicar o golpe.
No ranking dos candidatos mais ricos no Estado do Rio, Clébio aparece na nona posição, com um patrimônio total de R$ 15,9 milhões.
No pedido de prisão deferido pelo juiz Marcello Rubioli, o Gaeco alegou que o esquema liderado por Jacaré arrenda informalmente prefeituras fluminenses, como teria ocorrido em Itatiaia, mediante pagamento de propina a prefeitos e vereadores, e, no momento seguinte, inicia uma série de negócios escusos.
De acordo com as investigações, Clébio atuava como uma espécie de prefeito paralelo e oculto em Itatiaia, tendo designado um homem de confiança, Fábio Alves Ramos, também preso na operação, para ser o chefe de gabinete do prefeito Imberê Moreira Alves (janeiro a junho do ano passado). Assim que fecharam o negócio, Clébio e seus parceiros providenciaram a exoneração de todo o secretariado e indicaram nomes para o seu lugar. Imberê se limitava a assinar os atos. Vaninho, também alvo da ação do MP desta quinta, chegou a ser preso por uma semana em junho do ano passado.
O Gaeco suspeita que o mesmo esquema teria ocorrido em Japeri e em parte da administração de Belford Roxo, municípios da Baixada Fluminense, razão pela qual remeteram extratos da investigação para os promotores locais.
Ex-presidente da Câmara, Imberê foi prefeito interino de Itatiaia, durante cinco meses no ano passado, pois o prefeito eleito, Eduardo Guedes, o Dudu, não pode assumir. Dudu foi eleito em 2016 e reeleito em 2020, mas tinha assumido o cargo de prefeito provisório em 6 de julho de 2016, a 89 dias antes de sua primeira vitória nas urnas. No entendimento do TSE, a reeleição em 2020 configurou um terceiro mandato consecutivo, o que é proibido.
Imberê acabaria afastado a pedido do MPRJ, na segunda fase da Apanthropia, sob a acusação de encabeçar o desvio de R$ 25 milhões em recursos emergenciais destinados à área de saúde. As investigações já na época alertavam que “Itatiaia atualmente é administrada por uma sólida estrutura criminosa instalada em diversas secretarias municipais”, como sustentou o Gaeco.
Os desafios da investigação, que continua, serão enfrentar o grupo em outras prefeituras fluminenses e comprovar o pagamento da propina, razão pela qual os suspeitos de receber o dinheiro ainda não foram presos.
Belford roxo tem uma quadrilha, muito funcionário fantasma
“Candidato bolsonarista”? “Aliado”? Só por que o cara apoia o Bolsonaro, já virou “aliado”. Muita gente se declara “aliado” para ganhar votos. Bolsonaro não precisa de “aliado” algum para se reeleger. Esse aí, pelo visto, é apenas outra Joice.
Joice era aliada de Bolsonaro, até deixar de ser. Se um candidato que apoia Bolsonaro não é aliado de Bolsonaro, o que, então, ele é?