A promoção de seis policiais militares acusados de torturar um detento para que ele confessasse dois estupros em Trindade, na Região Metropolitana de Goiânia, em 2010, foi questionada pelo Ministério Público Federal em Goiás (MPF). De acordo com a denúncia, dez PMs ameaçaram, agrediram fisicamente e psicologicamente o preso durante três horas.
No entendimento do procurador da República em Goiás, Hélio Telho, a promoção dos PMs não deveria ter ocorrido. “Evidentemente que, na hora de se promover policiais, deve-se optar por promover aquele que tem histórico exemplar e não aquele que tem um histórico duvidoso”, disse.
A explicação do Comando da Polícia Militar é de que “as investigações internas não apontaram crime, mas uma transgressão disciplinar, portanto, a sindicância foi arquivada”. Ainda conforme o texto, a corporação não pode afirmar se houve ou não tortura.
A denúncia expõe detalhadamente a forma em que o preso foi vitimado. Após ser sequestrado e algemado, o rapaz foi afogado, levou socos e foi ameaçado. Dias depois, ele foi considerado inocente e, ao ser solto, denunciou os PMs. Desde então, ele se encontra escondido por temer represálias.
Ainda segundo a denúncia, entre um dos PMs promovidos estava o coronel Anésio Barbosa da Cruz atual coordenador dos 42 colégios militares de Goiás. Na época, ele era tenente coronel e superior imediato dos demais. O policial não agiu diretamente na tortura, mas consentiu com a violência e prisão do jovem.
No último mês de maio, a Justiça Federal acatou a denúncia do MPF, feita em março de 2017. As audiências de instrução do caso foram marcadas para março de 2018 e devem ouvir testemunhas e policiais.