O Ministério Público Militar do Rio de Janeiro abriu um inquérito para investigar a participação de soldados do Exército na chacina que deixou sete homens mortos durante uma operação policial nas favelas do Complexo do Salgueiro, na madrugada deste sábado (11).
A operação no conjunto de favelas em São Gonçalo foi comandada pela Core (Coordenadoria de Recursos Especiais da Polícia Civil) e teve o apoio de dois blindados e 17 soldados do Exército.
O episódio, que resulta na sensação de medo constante entre os moradores da comunidade, aconteceu um dia após um PM ser morto na região, que já vinha passando por uma megaoperação desde a última terça-feira (7).
No dia da chacina, a polícia afirmou que a ação visava prender dois traficantes que estavam em um baile funk na hora do ocorrido e que após serem recebidos a tiros, revidaram. O delegado titular, Marcus Amim, chegou a afirmar que as mortes haviam ocorrido em decorrência da operação, mas após ouvir depoimentos dos policiais e de ter o conhecimento de que o Exército havia negado participação, disse não ter elementos para confirmar isso. O caso está registrado, até o momento, como homicídio ainda sem autor.
Moradores disseram que os blindados entraram na comunidade por volta das 04h da manhã, e que os soldados e policiais se esconderam no meio do mato em diversas posições estratégicas, a partir disso começou o tumulto e o tiroteio. Alguns moradores ainda disseram que agentes encapuzados estavam ameaçando residentes da comunidade.
“Eles subiram pelo morro, ninguém viu como. Os caras foram estratégicos. Geral correu para Palmeira (localidade). Eles estavam esperando no meio do mato os caras ‘correr’ e ‘passar’ lá pra chegar na Palmeira. Gardenal foi o primeiro, que ele é linha de frente, ele foi para o saco. A bala começou a comer no meio da pista. Os caras saíram por tudo que era buraco”, diz um dos áudios enviados ao Whatsapp do site O DIA. Gardenal seria Luiz Cláudio de Almeida Fernandes, 40 anos, traficante suspeito de várias mortes.
Ainda segundo testemunhas, o cenário era de terror e pânico. “Tem muita gente baleada, gente sendo carregada. Bala na perna, rombo nas costas, baleados no mato. Massacre! Até passar pela Palmeira vai ver carro furado a bala, capotado, muita moto largada no meio da rua”, detalha outro áudio.
O Exército informou que não irá realizar apuração interna sobre o ocorrido e que a investigação do caso ficará em responsabilidade do Ministério Público Militar.