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Concentração em Jerusalém foi reprimida com canhões de água e cargas de cavalaria e 50 manifestantes foram detidos
Veja o vídeo com cenas da manifestação e da repressão:
“Democracia agora! Anexação nunca!” e “Chega de corruptos!”, eram os dizeres de cartazes erguidos na concentração que reuniu milhares diante da residência oficial do primeiro-ministro Bibi Netanyahu, na terça-feira, 14, para exigir o seu afastamento.
No sábado, dia 11, durante o dia, houve manifestações espalhadas por 170 cruzamentos de estradas ao longo de Israel e o dia terminou com uma manifestação de cerca de 10 mil pessoas na praça Rabin, centro de Tel Aviv.
A crítica a Netanyahu vem crescendo por diversas razões. Ele está respondendo a três processos – que se estenderam por anos até, finalmente chegar aos tribunais – nos quais a Procuradoria – Geral o acusa de fraude, suborno e quebra de confiança. Durante as primeiras fases do julgamento, Netanyahu agrediu o procurador-geral, a imprensa e o judiciário, para dizer que – sem entrar no mérito das acusações que lhe são imputadas – e dizer que nada tem qualquer base e que tudo não passa de perseguição política de “esquerdistas”.
Os manifestantes agora exigem que um quarto processo por corrupção em torno da compra de submarinos alemães e que foi escanteado por supostas razões de segurança, seja também levado adiante.
Também começa a tomar vulto a percepção, entre os israelenses, de que o desvario de ir contra praticamente o mundo inteiro na insana anexação de 30% das terras palestinas da Cisjordânia (o que é evidentemente um novo foco de tensões e beligerância) é uma cortina de fumaça para tirar o foco das acusações que podem enviá-lo para trás das grades.
Nos últimos dias os protestos são também engrossados por israelenses revoltados com a fracassada condução do enfrentamento da Covid-19. Israel está com uma taxa de contágio de 1,54, espantosamente entre as maiores do mundo, inclusive a do Brasil que gira em torno de 1,11.
Ao perigo de contaminação, os israelenses criticam a ausência de planos de auxílio emergencial, em especial para os donos de pequenas e microempresas que ficaram sem meios de vida, em um momento em que Bibi requisita e acaba de conseguir uma isenção fiscal retroativa que reembolsará em cerca de 300 mil dólares.
Durante as manifestações cerca de 100 israelenses foram detidos. Somente na terça à noite, diante da casa do premiê 50 foram presos.
A polícia também usou cassetetes, canhões de água e cargas de cavalaria para dispersar os manifestantes que resistiram e entraram em confronto com os batalhões de choque.
A polícia alegou que os manifestantes foram presos por “distúrbio” e “atos de vandalismo”.
Na quarta-feira pela manhã os presos foram levados à Corte Distrital para uma audiência. Um dos presos, o advogado, Gonen Ben Itzhak, foi trazido com algemas nas mãos e pés em violação a normas da Corte Suprema de Israel. A Corte o liberou.
Um dos líderes do movimento atual, Amir Haskel, brigadeiro da Força Aérea de Israel, ao ser levado à Corte de Jerusalém declarou: “Desde o primeiro dia nossa esperança era passarmos de um grupo de indivíduos para uma multidão. Isso nós conseguimos, mas não vamos repousar com os louros dessa conquista. Só vamos descansar quando nosso objetivo for alcançado que é quando Netanyahu sair”.
Haskel falou também em uma conferência de imprensa em Tel Aviv, depois de sua liberação. “Eu sou um brigadeiro da reserva da Força Aérea”, declarou, “eu poderia viver uma vida mais confortável, mas estou fazendo isso por meus filhos e meus netos”.
Haskel, que se dedica a estudar o comportamento humano durante o genocídio de judeus na Segunda Guerra, diz que se recusa a permanecer à margem neste momento. “A razão pela qual fui preso é uma determinação de silenciar o protesto contra um homem acusado de crimes. O direito ao protesto é fundamental em um país democrático. Ninguém pode me impedir e a meus amigos de protestar uma vez que não fizemos nada de errado”, concluiu o brigadeiro.
Na convocação à demonstração, os organizadores afirmaram: “Uma linha reta corre entre a corrupção governamental e o fracasso em enfrentar a crise do coronavírus. Quando o primeiro-ministro está ocupado em contratar advogados, em se livrar de impostos tanto para ele quanto para sua família e escapar da lei, ele não tem tempo nem interesse nos cidadãos do Estado. O Estado de Israel não pode emergir da crise na qual entrou enquanto estiver encabeçada por um mal administrador que está ocupado em seus assuntos criminosos”.
Uma outra manifestante, mãe solteira de 48 anos, Ori Nahman explica a razão de sua presença na manifestação: “Penso que Israel foi sequestrado por uma organização criminosa”.