Além do grande ato do “Fora Bolsonaro” marcado para a tarde deste sábado (2) em São Paulo, durante a manhã, milhares de brasileiros já saíram às ruas pedindo o afastamento do presidente em várias capitais do país.
No Rio, os manifestantes se concentraram a partir das 9 horas na Candelária e saíram em caminhada até a Cinelândia, onde milhares pediam pelo impeachment do presidente.
O ato reuniu representantes dos partidos PSB, PDT, PCdoB, PT, REDE, PSOL; lideranças políticas, como o ex-ministro e pré-candidato à presidência Ciro Gomes (PDT), os deputados Marcelo Freixo (PSB), Alessandro Molon (PSB) e Jandira Feghali (PCdoB), o presidente do PDT, Carlos Lupi; centrais sindicais, sindicatos e federações de trabalhadores, entidades estudantis e movimentos sociais.
Uma grande faixa com os dizeres “Fora Bolsonaro” abria a manifestação. Cartazes, placas e até uma enorme botijão de gás inflável, onde se lê, “Tá caro? Culpa do Bolsonaro”, ou uma placa com um cartum ironizando uma das últimas falas de Bolsonaro, que, insensível à fome que assola o país e incentivando a população a se armar, disse para as pessoas atirarem com feijão quando um ladrão entrasse em suas casas, deram o tom humorado à manifestação.
No desenho, de um grão de feijão gigante esmagando a representação de Bolsonaro com os dedos em riste de “arminha”, se lê: “Preferimos feijão”.
Outras faixas faziam alusão ao “Governo genocida”, pediam por democracia, e afirmavam, “Bolsonaro, governo do desemprego e da fome”.
Ciro Gomes, que puxando o coro de “Fora Bolsonaro” no palanque, levantou milhares de vozes na Cinelândia, afirmou que “esse grito, sim, é o que deve unir neste momento todos os brasileiros”.
“É preciso entender que o processo de impeachment exige que o presidente da República tenha cometido, de caso pensado, crime de responsabilidade. E Bolsonaro é um criminoso repetido, que atenta contra a democracia, que mata centenas de milhares de brasileiros, que não se comporta com decoro frente ao seu cargo. Fora Bolsonaro!”, disse.
Ciro argumentou ainda que “é importante atentarmos que o impeachment é um processo político, por isso, precisamos ter clareza que nós da oposição, somos 120 deputados no Congresso, e precisamos de 305 deputados para tirar Bolsonaro, e isso não se dará com doçura. Isso só vai acontecer com muita luta, o povo organizado e as nossas lideranças políticas deixando de lado as diferenças para defendermos a democracia e as liberdades do nosso povo”, disse.
O deputado federal Marcelo Freixo afirmou que “juntos nós vamos derrotar Bolsonaro no Rio e no Brasil!”.
A cantora Daniela Mercury, que divulgou um vídeo logo pela manhã cantando “Apesar de Você”, de Chico Buarque, convocando a população para os atos contra Bolsonaro, esteve presente na manifestação ao lado de outros artistas.
O deputado federal Alessandro Molon (PSB-RJ) afirmou que, com o impeachment do presidente, “vamos resgatar a esperança e a alegria do Rio de Janeiro e do Brasil!”.
Além do “Fora Bolsonaro”, os manifestantes protestaram contra o desemprego, as quase 600 mil mortes na pandemia, as privatizações das estatais federais, a inflação, em especial de alimentos, do combustível, do gás de cozinha e da energia elétrica.
Cecília Maria Nascimento, de 74 anos, que veio de Niterói para participar do ato, disse à reportagem do jornal Extra: “o Bolsonaro está acabando com o Brasil. Sou a favor da universidade pública e contra a reforma administrativa. São tantas as razões de estar aqui que a gente nem sabe por onde começar: roubalheira, privatizações, inflação alta. O povo não aguenta mais”.
Para a pedagoga Cláudia Paiva, presente na manifestação, “hoje, finalmente, estamos conseguindo ver uma ampla unidade de partidos de esquerda no mesmo ato. Parece que só assim a classe política vai entender que a maioria da população não aguenta mais esse louco na presidência”.
“Eu me resguardei até agora e estou vindo ao primeiro protesto. Não é 100% seguro, mas me parece que já está na hora. Esse é o momento de fazer florescer a esperança que parece o fundamental. Nossa faixa é em homenagem a Paulo Freire que a gente tem como um semeador de esperança. A educação é a saída e a entrada”, afirmou o professor da Fatec, Antônio Carlos Borges, à reportagem do UOL.