Uma multidão se concentrou na cidade de Chimoré, a 194 quilômetros de Cochabamba, neste dia 18, para participar do lançamento da campanha de Evo Morales à Presidência no período de 2020 a 2025.
A campanha, que tem o apoio da coalizão Movimiento Al Socialismo/Instrumento Político por la Soberanía de los Pueblos (MAS-IPSP), lotou com mais de um milhão de pessoas (segundo os organizadores) a praça diante do aeroporto construído em Chimoré pelo governo Evo e que foi denominado Aeroporto Internacional Soberania.
“Antes diziam que um milhão rechaça a Evo, imagine-se agora, quando aqui está um milhão para defender seu processo, aqui está a Bolívia para defender a revolução democrática e cultural porque temos resultados, temos demostrado ao mundo que a Bolívia tem muita esperança”, afirmou Evo em seu pronunciamento ao povo boliviano.
“Irmãos e irmãs estamos convencidos de que este processo não vai parar, que estamos em um caminho sem retorno”, que chegou ao local do encontro, vindo do aeroporto em uma moto e passando por um túnel de bolivianos agitando as bandeiras das duas agremiações que o apoiam e entoando “Evo! Evo! Evo outra vez!” e “Evo amigo/a Bolívia está contigo”.
“Irmãos e irmãs, viemos aqui, para afirmar nossa disposição em nos desenvolvermos, para que a Bolívia seja uma potência econômica, neste passo, a Bolívia será potência em temas econômicos, porque temos um grande plano para industrializar os recursos naturais”, acrescentou o presidente boliviano diante da multidão.
Ao término de seu pronunciamento, que realizou ao lado do vice-presidente, Álvaro García Linera e os ministros, os presentes entoaram: “Somos MAS/MAS, MAS, MAS/ somos MAS [numa alusão ao partido de Evo]/ não nos submeteremos nunca mais”.
Este comício de Evo, que inicia a campanha rumo às eleições de 20 de outubro deste ano, foi propositalmente realizado no aeroporto Soberania, construído em 2015, batizado com este nome, seguindo uma proposta de Evo que no ato de inauguração esclareceu que o novo aeroporto merecia o nome, porque foi constituído em um prédio liberado de uma usurpação que fez com que se convertesse em uma propriedade dos EUA.
“Se esta era a base militar dos Estados Unidos, aqui se violava a soberania e a dignidade do povo boliviano. Considerando algumas opiniões de alguns companheiros, eu quis que nosso aeroporto se chamasse aeroporto internacional Soberania, porque nossa luta tem sido pela soberania”, manifestou em um massivo ato de inauguração.
A concentração contou com moradores de Chimoré e Cochabamba e foi engrossada por caravanas que vieram dos mais diversos rincões do país, formadas por pessoas que insistiram em participar do primeiro ato da campanha.
Entre elas, uma marcha reunindo homens, mulheres e crianças peregrinou durante mais de três horas de Shinahota até o local do encontro, onde acabou acontecendo uma grande festa popular com o apoio da Coordenação Nacional pela Mudança e pela Central Obrera Boliviana (COB).
Muitos vieram das regiões mais elevados do país, La Paz, Oruro e Potosí, outros vieram das sulistas Tarija e Chuquisaca, e do norte, Pando e Beni, ou da vizinha Santa Cruz.
Uma das caravanas veio do município andino de Huanuni, atravessando a distância para chegar na madrugada do dia 18. “Somos mais de 500 pessoas que viemos apoiar a nosso irmão Evo, porque ele trabalha para os pobres”, afirmou Ascencio Mamani, em um calor de 30º C, ainda sob as mantas multicores de lã, usadas para enfrentar o frio durante a jornada noturna.
“Queremos ser parte deste início de campanha porque graças ao presidente temos tudo, temos obras, temos estradas”, acrescentou Ascenso.
Ele estava acompanhado de sua mãe, Paulina Choque, que destacou sua vinda para assegurar a Evo de que “o povo está com ele para que siga governando o país”.
O ato também foi marcado pelo resgate das tradições que caracterizam a composição multiétnica do país, através de uma cerimônia realizada por sacerdotes de várias religiões locais. Em um altar colocado no palanque foram queimadas oferendas vegetais em tributo à Pachamama (Mãe Terra) para pedir proteção e bendição aos candidatos.
Na manifestação que lotou cinco quilômetros de estrada até o palanque, os participantes – mineiros, professores, estudantes, operários fabris, petroleiros, camponeses, que coloriam o local com suas vestimentas das diversas regiões do país – puderam acompanhar os pronunciamentos em 20 telões distribuídos ao longo do local utilizado para a concentração.
“Irmão presidente, aqui está seu povo. Este é o povo que diz sim, que entende que Evo deve continuar como presidente, Imão Evo”, gritou, em meio à multidão, Pedro Enriquez, que veio de Tarija para o evento.
Animados com bumbos, instrumentos de sopro, bandas de música, foram trazer apoio a um governo que, ao longo de 13 anos, reduziu a pobreza e a desigualdade e promoveu um crescimento de mais de 500% do PIB, colocando o país na dianteira de toda a América do Sul em termos de desenvolvimento. Como forma de distribuir os ganhos e fazer com que este desenvolvimento seja distribuído, os recursos obtidos com a nacionalização das riquezas naturais e a recuperação de empresas estratégicas, foream revertidos ao povo através de programas sociais em atenção aos mais necessitados, melhorias no salário mínimo e nos benefícios previdenciários.