A convocação das centrais sindicais argentinas levou 300 mil às ruas contra a agressão de Maurício Macri aos direitos dos trabalhadores
Convocados pelas centrais CTA (Central de Trabalhadores da Argentina), CGT (Corrente Federal da Central Geral dos Trabalhadores), CNCT (Confederação Nacional de Cooperativas de Trabalho) e diversas organizações sociais, políticas e de direitos humanos, mais de 300.000 trabalhadores argentinos marcharam pelas principais avenidas de Buenos Aires entoando “Não é reforma, é ajuste!”. A Praça do Congresso da Nação foi o ponto final de concentração da manifestação que rejeitou os projetos de ‘reforma’ trabalhista, previdenciária e fiscal apresentada e impulsionada pelo governo do presidente Mauricio Macri.
O ato foi realizado enquanto o Senado debatia os projetos de mudança nas aposentadorias e a tributária, enquanto que a discussão do ajuste que busca ‘flexibilizar’ o mercado de trabalho sob o pretexto de “fomentar” as contratações – segundo o jargão usado por Macri – foi adiada para o ano que vem.
O secretário geral da CTA, Hugo Yasky, denunciou que o governo “quer um país sem sindicatos”. “Não vai ter sindicatos que desapareçam, o que haverá é organização sindical. Vamos construir unidade junto aos movimentos sociais e defesa do estado de direito. Vamos por mais unidade!”, enfatizou, apontando para o fortalecimento das ações conjuntas.
“A história se repete. Cada vez que vem um governo liberal a primeira coisa que se faz é atacar os direitos dos trabalhadores e tentar desprestigiar as organizações sindicais”, disse Pablo Moyano, secretário sindical da CGT.
O secretário geral da Associação Bancária, Sergio Palazzo, encerrou o protesto dizendo que “viemos manifestar com clareza que rechaçamos, repudiamos, dizemos não à reforma trabalhista, fiscal e ainda mais à reforma da previdência. Viemos dizer não à usurpação do direito dos trabalhadores”. Ele qualificou de “insensível e inumana a atitude de baixar o poder aquisitivo dos aposentados.
É um programa de ajuste sem fim”.
As reformas trabalhistas que Macri pretende são similares às reformas de arrocho preparadas pelo governo Temer. Modificar e ‘flexibilizar’ as leis trabalhistas implantando formas de contratação sem regulamentação como trabalhos temporários ou por produção, sem registro em carteira; limitação da possibilidade dos trabalhadores abrirem processos por denúncia de acidentes de trabalho e outros abusos.
Os sindicatos dos professores também se somaram ao rechaço das políticas de Macri e realizaram uma greve em todo o país, convocada pela Confederação de Trabalhadores da Educação da República Argentina (Ctera).
O massivo e enérgico protesto contra o ajuste que o governo tenta impor aconteceu em um momento em que a sociedade argentina está revoltada com a repressão descontrolada contra a comunidade mapuche. Uma repressão que perpetrou o assassinato com um tiro pelas costas, no dia 25 passado, de Rafael Nahuel. O ato covarde contra um jovem desarmado que o país inteiro condena ocorreu durante uma reintegração de posse realizada pela polícia argentina na comunidade Lafken Winkul Mapu, localizada na Villa Mascardi, em Bariloche. Na terça-feira, dia 28, milhares de pessoas se manifestaram no centro dessa importante cidade turística que era onde Rafael morava.
SUSANA SANTOS