Na Etiópia os trabalhadores das multinacionais Calvin Klein, H&M, Guess ou Tommy Hilfiger, em sua grande maioria mulheres, recebem apenas 26 dólares por mês, revela informe do Centro Stern para Negócios e Direitos Humanos da Universidade de Nova Iorque, divulgado no dia 7 de maio.
O país africano permite assim uma exploração do trabalho próxima da escravidão, superando até mesmo situações bárbaras como a de Bangladesh, onde o salário é de US$ 95 por mês.
O estudo mostra que estas jovens mulheres, muitas delas crianças, oriundas de famílias pobres de zonas rurais não conseguem habitações decentes, comida razoável e acesso a transporte ao local de trabalho. Elas vivem abaixo do limiar de pobreza, em condições miseráveis.
Intitulado “Feito na Etiópia: os desafios na nova fronteira da indústria do vestuário”, o relatório baseia-se na análise do Parque Industrial Hawassa, inaugurado em junho de 2017 e que se situa a cerca de 225 quilômetros ao sul da capital, Addis Abeba.
O Parque – que emprega 25 mil trabalhadores e busca alcançar a médio prazo 60 mil funcionários –, insere-se na estratégia do Governo etíope de converter o país num dos principais polos do sector. “Iremos tornar a Etiópia no líder desta indústria na África”, afirmava Arkebe Oqubay, conselheiro especial do primeiro-ministro para a Economia e mentor desse monstrengo industrial. Oqubay deixou o cargo no início do ano passado.
O governo da Etiópia fala em fase de transformação e, apesar de que, desde que assumiu, a 2 de abril de 2018, o primeiro-ministro Abiy Ahmed tenha aplicado uma nova política em diversos terrenos, com medidas a exemplo da paz com a Eritreia após vinte anos de relações conflitadas, em seu afã de criar empregos, aceita competir com outros centros industriais permitindo que as múltis apliquem condições subumanas aos trabalhadores. Neste aspecto segue até aqui a política dos governos que o antecederam.
Nos últimos cinco anos, o executivo inaugurou cinco parques industriais e prevê abrir mais 30 até 2025, esperando prover, a médio prazo, lucros na ordem dos bilhões de dólares.
Com 105 milhões de habitantes, a Etiópia é o segundo país mais povoado da África.