A ministra da Agricultura, Tereza Cristina, afirmou que a liberação de novos agrotóxicos, que vem quebrando recordes no governo Bolsonaro, não coloca em risco a saúde dos consumidores nem o meio ambiente. No entendimento dela, a liberação de registro para que novos produtos sejam usados no país foi acelerada, mas as exigências continuam as mesmas.
De acordo com o próprio Ministério, o governo liberou 262 registros de novos produtos apenas em 2019.
“Ninguém está pondo veneno no prato de ninguém. Consumidor nenhum brasileiro está sendo intoxicado”, declarou a ministra, conhecida como “Musa do Veneno” pelos membros da bancada ruralista .
Segundo a ministra, o Brasil “está muito atrasado”, com relação ao uso de pesticidas e seu objetivo é acelerar ainda mais a liberação de novos agrotóxicos. “Não mudou nada, o que mudou, somente, foi a celeridade. Foi colocado mais gente no Ministério da Agricultura, pesquisadores da Embrapa que vieram ajudar essa fila de pedidos de registro. Foi colocado mais gente no Ministério de Meio Ambiente, também a fila anda. E a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) resolveu pegar esse assunto em que o Brasil está muito atrasado em relação a outros países”, disse após participar da abertura do Congresso Brasileiro do Agronegócio, na segunda-feira (5).
Segundo ela, os pesticidas e herbicidas usados no Brasil também são usados em outras partes do mundo. “Quase todos os países do mundo já usam esses produtos. E quando não usam é porque não precisam”, disse sobre a segurança dos produtos.
Leia mais: ANVISA reduz número de produtos “extremamente tóxicos” de 702 para 43
DESMATAMENTO
A ministra bolsonarista também reforçou a posição do governo de que os dados do Inpe, que apontam para o aumento do desmatamento na região amazônica, não deveriam ser públicos. “Nós apanhamos da mídia internacional direto”, disse sobre as reportagens publicadas por toda a imprensa sobre o desmatamento no país.
Nesse sentido, a ministra defendeu mais cuidado na divulgação do monitoramento do desmatamento na Amazônia feito pelo Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais). A partir da análise das informações do Sistema de Deter (Detecção do Desmatamento em Tempo Real) foi apontado um aumento de 218% na derrubada da floresta em julho deste ano em comparação com o mesmo mês de 2018. (v. Desmatamento da Amazônia aumenta 278% em julho)
“O Inpe é um instituto importante. Agora, ele colocou, primeiramente, os dados que são de alerta, em que você não tem a área desmatada. Esse dado precisaria ser melhor trabalhado para ser colocado à disposição de todos”, disse Teresa Cristina. “Nós precisamos trabalhar melhor essas informações para colocar para a população e para o mundo, para que não gere toda essa celeuma. E às vezes é uma coisa muito pequena”, acrescentou.
A divulgação do aumento do desmatamento causou a demissão do diretor do Inpe, Ricardo Galvão, que segundo Bolsonaro, publicou dados “mentirosos”.
Leia mais: